CRÔNICA
Reflexão do Dia da Independência do Brasil
No Brasil, a malandragem parece ser uma habilidade necessária para sobreviver em um mar de leis e burocracias. Como dizia o cantor Bezerra da Silva, malandro não carrega embrulho e não entra em fila. Essa lição, que escutei quando era criança no interior da Bahia, tornou-se mais clara com o passar do tempo. Afinal, a vida é cheia de tropeços, e é preciso aprender com eles, especialmente quando se vem de uma terra natal e se enfrenta novos desafios.
Neste país, a desigualdade é gritante. A única regra válida é “Ordem para uns, Progresso para outros”. Enquanto alguns aproveitam privilégios, outros se espremem nas filas de hospitais e escolas. O mercado de trabalho sempre foi injusto, e a história do Brasil nos mostra que aqueles que buscam justiça são muitas vezes chamados de preguiçosos.
E assim como Cazuza pedimos a Deus um pouco de malandragem. Nós que acreditamos na educação e lemos jornais, somos considerados ingênuos em uma sociedade que despreza o saber. Infelizmente, essa visão é ainda mais desrespeitosa com aqueles que não tiveram acesso à educação formal.
Precisamos ensinar até nossas crianças a serem espertas, a driblarem os desafios nas ruas. Antigamente, esperava-se que essa sabedoria viesse de uma “referência masculina”, mas muitas vezes são as mulheres, as mães, que mostram o caminho e abrem os olhos para as realidades.
Voltemos a Bezerra da Silva. Em determinados momentos, é preciso enfrentar filas, especialmente em situações de atendimento público. No entanto, não posso me submeter a esperas intermináveis por experiências que considero desnecessárias, como mesas em restaurantes badalados ou lançamentos de moda. Para isso, sempre busco rotas alternativas e formas mais eficazes de lidar com as demandas do dia a dia.
Na Bahia, temos várias expressões que refletem a sabedoria local, como “Quem comprou seu carvão molhado, que abane”. Isso aponta para a importância de deixar que cada um cuide de suas próprias responsabilidades. O que extrapola a gentileza se torna um “embrulho” que só traz incômodos.
Se alguém quiser ficar à sombra do meu chapéu, certamente vai se machucar. E, no fim das contas, os malandros estão por toda parte, desde os oficiais até aqueles com rostos conhecidos nas colunas sociais. Todos se dizem patriotas enquanto seguram diversas bandeiras.
Mas que a justiça prevaleça sempre.
E você, o que pensa sobre essa malandragem necessária para viver no Brasil? Compartilhe sua opinião nos comentários!
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