BAHIA
ISPE lança primeiro anuário e reforça transparência no monitoramento da criminalidade

A Bahia observou uma queda de 8,3% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) entre 2024 e 2023. Esse recuo é parte de uma tendência que teve início em 2022, quando os índices mostraram uma redução de 7,7% em comparação a 2021, seguido de 5,8% de queda entre 2022 e 2023.
No total, o Estado reportou 5.594 CVLI em 2021, 5.164 em 2022, 4.863 em 2023 e 4.461 no ano passado, resultando em um recuo acumulado de 20,5% nesse período. Esses dados estão disponíveis no primeiro anuário do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (ISPE), que foi finalizado em julho e abrange dados até 31 de dezembro de 2024. O objetivo do anuário é oferecer uma análise detalhada dos CVLI na Bahia.
O anuário segue a mesma metodologia de estudos sobre outros tipos de delitos, com o intuito de fomentar uma cultura de dados que ajude a monitorar e compartilhar informações valiosas sobre segurança pública. O documento se tornou uma ferramenta importante para a inteligência policial, permitindo que autoridades locais planejem ações de combate à criminalidade.
O delegado Omar Andrade Leal, da ISPE, ressalta que as informações são acessíveis ao público e são frequentemente utilizadas por estudantes em suas pesquisas. Ele destaca a importância do instituto como parceiro nas pesquisas acadêmicas e da relevância do corpo técnico, que inclui economistas, estatísticos, sociólogos e outros especialistas.
André Viana, delegado-geral, acredita que a transparência e a prestação de contas são essenciais. Ele afirma que o ISPE é fundamental para a realização de estratégias que combatam crimes e promovam a segurança pública na Bahia.
Marco
Leal considera o anuário um marco para a Polícia Civil da Bahia, destacando a crescente relevância do uso de dados e informações no combate ao crime. A coleta e publicação de dados estatísticos foram legalmente instituídas como parte das funções do instituto, que também colabora com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Embora o anuário seja o primeiro produzido pelo ISPE, os métodos de contagem e classificação das ocorrências são consistentes com anos anteriores, o que facilita a comparação, mesmo que divergências com outros estudos possam surgir devido a diferentes metodologias.
Desafios
Apesar da queda nos CVLI, outros indicadores de segurança apresentam números preocupantes. A diminuição foi influenciada principalmente pela redução de 9,1% nos homicídios dolosos, mas crimes como lesão corporal seguida de morte cresceram 19,8%, e o latrocínio subiu 8,7%. O anuário também notou um aumento de 13% nos casos de estelionato, que agora superam os furtos, refletindo uma migração da criminalidade para o ambiente digital.
Contrapõe-se a isso a queda de 22% nos roubos e 6% nos furtos. Em Salvador, furtos se concentram em bairros populosos, enquanto roubos de veículos ocorrem em áreas periféricas. Para Leal, essa mudança de foco das quadrilhas do tráfico para crimes patrimoniais se deve ao sucesso das operações policiais que restringem o tráfico de drogas.
Outro ponto preocupante é a interiorização da violência. A queda nos CVLI foi menos acentuada no interior em comparação com a Região Metropolitana e a capital. O perfil das vítimas se mantém, sendo predominantemente homens jovens, negros e com baixa escolaridade.
Ações integradas
Embora os dados mostrem avanços, a sensação de insegurança persiste, influenciada por pequenos crimes, como furtos e roubos de objetos pessoais, e pela cobertura midiática de casos de violência. O anuário sugere que a solução para a violência vai além da ação policial e deve incluir o fortalecimento de políticas sociais.
Os especialistas envolvidos na elaboração do documento destacam que a violência é um problema complexo, enraizado em questões como desigualdade social e acesso precário a serviços. Assim, recomenda-se ampliar o acesso à proteção social, principalmente para mulheres vítimas de violência.
O caminho para uma Bahia mais segura envolve práticas interinstitucionais que integrem não só os órgãos de segurança, mas também saúde, educação e assistência social, com um compromisso em ouvir a população. A mudança é possível com uma abordagem abrangente e focada nos direitos de todos.
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