A riqueza de um povo não se resume à extração de petróleo, minérios ou à produção agrícola. Apesar do potencial, a exploração desses recursos não garante o bem-estar da população. Um exemplo disso é a situação dos moradores do estado do Rio de Janeiro, que, mesmo diante da riqueza gerada nessas áreas, vivem em condições precárias.
Daron Acemoglu, prêmio Nobel de Economia, em seu livro “Por que as nações fracassam”, discute a chamada maldição dos recursos naturais. Segundo ele, a abundância de riquezas pode comprometer a qualidade de vida da população, como se observa em países da África, Ásia e América Latina. Entretanto, há exceções que desafiam essa teoria, mostrando que a riqueza não é apenas uma questão de recursos, mas sim de como a sociedade é organizada.
No Brasil, a estrutura desigual e exploradora, resultado da colonização portuguesa, persiste. A riqueza acumulada pela indústria do açúcar, do ouro, da carne, da soja e do petróleo não foi suficiente para erradicar a pobreza. Isso ocorre porque o benefício gerado não foi distribuído de forma justa. A situação só mudará com uma reestruturação significativa na economia e no Estado brasileiro. Sem estas mudanças, a população continuará em situação de vulnerabilidade, mesmo que a extração de petróleo aumente.
Estamos também diante de um dilema ambiental. A queima de petróleo afeta as futuras gerações, refletindo na saúde do planeta. Essa é uma razão válida para reconsiderar a exploração de novos poços. O que vemos na Indonésia, onde revoltas surgem em resposta ao contraste entre salários baixos da população e altos ganhos de políticos, serve de alerta. A violência não é o caminho, mas é evidente que é necessário transformar a forma de organização social e econômica.
O que precisa ser discutido vai além da extração de recursos. Os candidatos nas próximas eleições têm um papel fundamental e a população deve exigir propostas que promovam mudanças efetivas e pacíficas para a sociedade brasileira.
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