No Sudoeste, pequenos objetos tridimensionais, como um esqueleto de peixe, um raio ou um floco de neve, serviam como brindes para conectar traficantes e usuários. Esses itens não eram apenas lembranças; cada símbolo tinha um significado escondido: o esqueleto representava cocaína, o raio era ecstasy e o floco de neve identificava haxixe ou loló. Essa estratégia, considerada inovadora pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), visava principalmente adolescentes e jovens da região.
A rede foi desmantelada por meio da Operação Wolf, conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia na última semana, em um apartamento de alto padrão na quadra 504 do Sudoeste. O local era mantido por um casal que se destacou como os principais traficantes da área.
As investigações revelaram que essa boca de fumo usava simbologia forte para criar um vínculo de exclusividade com os usuários. Os brindes tridimensionais funcionavam como cartões de fidelidade, disfarçando a relação criminosa e reforçando a sensação de pertencimento ao grupo de consumidores.
Veja os brindes dados pelo casal de traficantes:
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Material cedido ao Metrópoles
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Casal de luxo
Dentro do imóvel, a polícia encontrou cocaína, maconha, haxixe, ecstasy e frascos de clorofórmio, além de balanças de precisão, embalagens, dinheiro e até canudos usados para consumo. Henrique Sampaio da Silva, de 39 anos, foi identificado como o líder da operação. Ele possui um histórico de cinco prisões por tráfico e foi nomeado para um cargo comissionado em um órgão público, que não ocupou. Sua companheira, que é advogada, também foi detida.
O disfarce
No início das investigações, foi difícil registrar flagrantes, já que os usuários raramente eram encontrados com drogas. Após meses de vigilância, os policiais perceberam que os brindes funcionavam como substitutos para entorpecentes durante as abordagens. O apartamento contava com placas e avisos que simulavam preocupação social, uma manobra para despistar vizinhos e autoridades.
A operação resultou na prisão do casal, que agora enfrenta acusações de tráfico e associação para o tráfico. O delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, ressaltou a sofisticação do esquema e a audácia de mirar adolescentes em idade escolar. O intuito era burlar a polícia e expandir a clientela, criando uma linguagem própria que naturalizava o consumo de drogas.
A PCDF reafirmou que a vigilância no Sudoeste será intensificada para impedir a retomada do esquema e garantir a segurança dos moradores.
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