A Polícia Federal revelou que agências da Caixa e do Santander foram utilizadas para movimentar R$ 331 milhões em dinheiro vivo para uma organização criminosa ligada ao setor de combustíveis. Segundo um relatório da PF, foram feitos 9.560 depósitos em espécie, sem notificação aos órgãos de controle e fiscalização.

De acordo com as normas de prevenção à lavagem de dinheiro do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), instituições financeiras devem reportar movimentações superiores a R$ 30 mil com a devida identificação dos clientes. No entanto, a PF constatou que os depósitos não tinham informações dos depositantes, contrariando as exigências legais, segundo o delegado Mateus Marins Corrêa de Sá.

Em resposta à situação, o Santander afirmou que possui controles rigorosos e que não pode comentar casos específicos. Já a Caixa mencionou que coopera com as autoridades, mas as informações são tratadas como sigilosas.

Como funcionava o esquema

O esquema operava com uma instituição de pagamentos chamada Tycoon, que registrou os depósitos sem identificação dos clientes. Essa empresa, fundada em 2016, é majoritariamente controlada por Rafael Belon, um dos acusados. O delegado observou que a Tycoon movimentava dinheiro vivo de postos de gasolina de maneira atípica, utilizando ordens de crédito eletrônicas.

Após as investigações, a Justiça decretou a prisão preventiva de 14 acusados, incluindo os líderes da organização criminosa, Roberto Augusto Leme da Silva e Mohamad Hussein Mourad, que estão foragidos. O esquema também tinha participação do BK Bank, que transferiu bilhões em operações suspeitas durante cinco anos.

Transações suspeitas

A PF identificou que 96,76% dos créditos efetivos nas contas da Tycoon vinham de depósitos em dinheiro, sem identificação. Na Caixa, foram contabilizados R$ 164,9 milhões em depósitos não identificados, muitos destinados ao BK Bank. No Santander, a conta em Curitiba apresentou R$ 91,2 milhões em transações, a maioria também sem análise de risco pelo banco.

Além disso, o Banco Rendimento e a fintech Line foram acusados de operar contas ocultas para a Tycoon, movimentando valores que possuem características típicas de lavagem de dinheiro.

O caso destaca a fragilidade dos sistemas de controle financeiro em relação a movimentações suspeitas e levanta questões sobre a eficácia das medidas contra o crime organizado no Brasil.

O que você pensa sobre a atuação das instituições financeiras nesse caso? Compartilhe sua opinião nos comentários.