A Comissão Europeia deu início ao processo de ratificação do acordo comercial com os países do Mercosul nesta quarta-feira (3). No entanto, a França demonstra clara relutância, e a proposta precisa passar pela aprovação dos 27 países do bloco e do Parlamento Europeu. Este passo preliminar é fundamental antes que o tratado de livre comércio seja apresentado aos Estados-membros e eurodeputados nos meses seguintes.
O avanço no processo ocorre em um momento conturbado na política francesa. O governo do primeiro-ministro François Bayrou corre o risco de não conseguir aprovar uma moção de confiança na próxima segunda-feira, o que poderia afetar a posição do país quanto ao tratado. Bruxelas, por sua vez, espera um consenso até o final de 2025, enquanto o Brasil mantém a presidência rotativa do Mercosul.
O acordo é estratégico para a União Europeia, permitindo que a entidade amplie suas exportações de automóveis, máquinas e bebidas alcoólicas para Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Em contrapartida, a entrada de produtos latino-americanos, como carne, açúcar, arroz, mel e soja, seria facilitada. Essa troca comercial, no entanto, gera preocupações sobre o impacto em setores agrícolas europeus.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirma que o acordo trará benefícios tanto para consumidores quanto para empresas de ambos os continentes. Apesar disso, sindicatos agrícolas na Europa, especialmente na França, têm criticado severamente a proposta desde que as negociações foram concluídas em dezembro do ano passado.
Para apaziguar a oposição francesa, a Comissão está considerando um aditamento ao tratado. Essa alteração visaria reforçar as cláusulas de proteção para produtos agrícolas sensíveis, estabelecendo que o Executivo europeu intervirá caso o acordo cause danos a esses setores. Juridicamente, essa modificação não exigiria renegociação com os países do Mercosul, mas demandaria uma explicação aos parceiros latino-americanos.
A França ainda não se manifestou oficialmente sobre essa possível alteração, e a oposição dentro do país já critica uma possível mudança na postura do governo, classificando-a como “traição”. Além disso, a extrema esquerda mobiliza protestos contra um acordo que vê como uma imposição indesejada.
Por outro lado, várias nações europeias, como a Alemanha, defendem o acordo, especialmente em um novo cenário comercial global após a reeleição de Donald Trump, que impôs tarifas sobre produtos europeus. Segundo Bruxelas, a ratificação permitirá que exportadores da UE economizem mais de 4 bilhões de euros (cerca de 25 bilhões de reais) em tarifas anualmente ao atuar na América Latina.
O acordo consiste em duas partes: uma política e outra comercial. A França não pode bloquear apenas a parte comercial; para interromper o processo, precisaria unir-se a três outros Estados que representem pelo menos 35% da população da União Europeia.
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