Metanol: mortes no Brasil expõem falta de rastreabilidade das bebidas

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Recentes casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas estão levantando questões sérias sobre a rastreabilidade desses produtos no Brasil. O país registrou 195 notificações de intoxicação, incluindo pelo menos duas mortes em São Paulo. Essa situação não é isolada e reflete um problema global crescente relacionado ao consumo de álcool adulterado.

Em setembro de 2025, a Rússia teve um trágico relato com 25 mortes por contaminação de metanol, levando à prisão de suspeitos produtores. A Colômbia também reportou 11 mortes e 25 internações relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas no mesmo mês. Em 2024, seis turistas, incluindo adolescentes australianas, morreram no Laos após consumir bebidas comuns. Já em 2023, um surto no Irã levou à morte de mais de 30 pessoas pela mesma razão.

Esses episódios ressaltam a falta de um sistema de rastreabilidade eficiente no Brasil. O Sistema de Controle de Produção (Sicobe), que permitia o monitoramento da origem das bebidas, foi desativado em 2016 pela Receita Federal, sem que houvesse uma substituição adequada. Desde então, a autodeclaração das empresas tem gerado brechas para fraudes, permitindo a adulteração na produção.

Com a interrupção do Sicobe em 2016, o Estado passou a depender da autodeclaração das empresas, aumentando o risco de fraudes e sonegação. Isso possibilita que uma fábrica declare menos do que realmente produziu, alimentando o mercado ilegal.

De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), o metanol se tornou um produto comum entre grupos criminosos, que aproveitam a falta de regulação. A ABCF também levantou preocupações sobre a origem do metanol utilizado nas adulterações, sugerindo que poderia vir de sobras de combustíveis apreendidas pela polícia.

A situação atual exige uma revisão urgente das políticas de controle de bebidas no Brasil. É necessário discutir a reinstalação de um sistema de rastreabilidade, não apenas por questões fiscais, mas principalmente por segurança e saúde pública.

O Sicobe, criado em 2009, servia para reduzir a sonegação de impostos e, ao mesmo tempo, atuar como um mecanismo de rastreabilidade. Cada produto era monitorado em tempo real, facilitando a identificação de lotes contaminados. No entanto, suas funcionalidades foram descontinuadas, e a negativa do governo em reativá-lo preocupa especialistas que veem uma crescente onda de contrabando e falsificação desde a sua desativação.

Em 2024, um apelo do Tribunal de Contas da União para o retorno do Sicobe foi barrado por decisão do Supremo Tribunal Federal. Com a nova onda de intoxicação por metanol em 2025, a urgência por um sistema de rastreabilidade mais eficaz se torna ainda mais evidente. Profissionais de saúde pública alertam que ele é fundamental para identificar rapidamente a origem de produtos adulterados e proteger os consumidores.

O que você acha sobre a falta de rastreabilidade na produção de bebidas? Sua opinião é importante, deixe seu comentário!

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