Após a demissão do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, o presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou que ele permaneça no cargo por mais 48 horas. O objetivo é conduzir negociações até quarta-feira, 8 de outubro, para tentar formar uma nova base de apoio político. Lecornu se tornou o chefe de governo mais temporário da história recente da França, ocupando o cargo por apenas 27 dias. Ele é o sétimo premiê nomeado por Macron desde sua chegada ao Palácio do Eliseu, em 2017.
A partir de junho de 2024, quando Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições legislativas, a França entrou em um período de instabilidade política. O partido do presidente e seus aliados de centro-direita perderam a maioria e, desde então, não conseguiram formar governos estáveis.
Na segunda-feira, 6 de outubro, Macron mostrou disposição para “assumir suas responsabilidades”. Embora tenha aceitado a demissão de Lecornu, pediu a ele que fique até que todas as negociações com a oposição sejam realizadas.
Fontes próximas ao presidente indicam que ele pode estar considerando uma nova dissolução da Assembleia Nacional caso não consiga estabilizar o governo.
Quais são as opções de Macron agora?
Diante desse cenário, o presidente francês possui algumas alternativas:
1. Nomear um novo primeiro-ministro
Macron pode tentar escolher um novo líder para o governo. Uma possibilidade é Yaël Braun-Pivet, atual presidente da Assembleia Nacional, que é vista como uma figura neutra. Porém, existem dúvidas sobre sua capacidade de reunir a base política fragmentada.
2. Buscar apoio na esquerda
O Partido Socialista se ofereceu para liderar um governo, afirmando: “Estamos prontos para assumir responsabilidades”. Esta proposta ganha apoio dentro da base de Macron, dada a dificuldade em manter alianças com partidos de centro-direita.
3. Dissolver novamente a Assembleia Nacional
Essa alternativa implicaria em novas eleições em até 40 dias. A extrema direita, liderada por Marine Le Pen, e parte da direita tradicional apoiam essa ideia, com Le Pen afirmando que a “única decisão sensata é voltar às urnas”.
4. Renunciar ao cargo
Embora improvável, há solicitações na oposição para que Macron renuncie. O deputado Eric Coquerel, da França Insubmissa, sugeriu que ele renuncie em nome do interesse geral. Se isso acontecer, uma nova eleição presidencial seria necessária.
5. Destituição presidencial
A oposição busca iniciar um processo constitucional para destituir Macron, alegando que sua postura prejudica o país. No entanto, esse processo é complexo e depende do apoio de dois terços do parlamento, algo difícil de conseguir no momento.
O que está em jogo?
A França é uma das principais economias da Europa e desempenha um papel importante na política internacional. A instabilidade política pode afetar decisões econômicas e a relação com países como o Brasil, especialmente em assuntos como meio ambiente e comércio.
Além disso, o enfraquecimento de Macron pode abrir espaço para a extrema direita, que lidera as pesquisas de intenção de voto, após sucessos em eleições locais. Uma nova dissolução da Assembleia pode resultar em um parlamento ainda mais fragmentado.
E se Macron cair?
Se Macron renunciar ou for destituído, a França precisaria convocar novas eleições presidenciais. Isso poderia levar a um cenário imprevisível, com risco de polarização e crescimento de forças populistas. Por hora, Macron resiste às pressões e tenta salvar seu governo através de negociações de última hora.
Porém, o tempo está se esgotando. Caso um acordo não seja alcançado até quarta-feira, a França poderá entrar em uma nova fase de instabilidade, com implicações internas e externas.
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