O Conselho Executivo da Unesco elegeu, na última segunda-feira, o egípcio Khaled El-Enany como novo diretor-geral da organização. Essa escolha ocorre em um cenário desafiador, marcado pela anunciada retirada dos Estados Unidos. El-Enany, que já foi ministro do Turismo e das Antiguidades e é um renomado egiptólogo, se torna o primeiro árabe e o segundo africano a assumir esse cargo.
Com 55 votos a favor, ele superou o economista congolês Firmin Edouard Matoko, que obteve apenas dois votos. Durante sua campanha, El-Enany destacou sua experiência como pesquisador e gestor, incluindo seu papel como diretor do Museu Egípcio do Cairo.
El-Enany vê sua nomeação como a realização de uma carreira dedicada à educação e ao patrimônio cultural. Aos 54 anos, ele assume a Unesco em um momento complicado, após a saída de Israel em 2017 e de Nicaraguense deste ano, que se retirou em protesto contra a concessão de um prêmio a um jornal opositor.
Os EUA também anunciaram sua saída, citando viés anti-israelense e apoio a causas que geram divisões. Essa retirada, prevista para o fim de 2026, significará uma perda de cerca de 8% do orçamento da Unesco.
Em sua entrevista, El-Enany expressou o desejo de incentivar o retorno dos Estados Unidos, semelhante ao esforço realizado pela sua antecessora Audrey Azoulay. Entretanto, ele afirmou que não vai depender apenas desse apoio para sua gestão. “Não venho de um país muito rico e já trabalhei com o setor privado para mobilizar recursos”, disse.
Ele destacou a importância do setor privado nas suas estratégias, sem abrir mão dos valores da Unesco. Ao ser questionado sobre as críticas à politização da organização, foi enfático ao afirmar que seu papel é ser imparcial e justo, sem favorecer um grupo ou cultura em detrimento de outros.
Para El-Enany, o slogan da sua campanha, “a Unesco para os povos”, reflete sua visão de impactar positivamente a vida das pessoas, tornando a Unesco relevante além do patrimônio cultural.
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