Maduro ordena mais exercícios militares após Nobel da Paz de opositora

Publicado:

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou no último sábado o início de novos exercícios militares, chamados de “Independência 200”. A medida é uma resposta ao deslocamento de forças navais dos Estados Unidos na região sul do Caribe, próximo à costa venezuelana. Esta decisão veio a público um dia após a líder opositora Maria Corina Machado receber o Prêmio Nobel da Paz, reconhecendo sua luta em um contexto de repressão e crise institucional no país.

Os exercícios mobilizarão tropas regulares, milicianos e equipamentos militares em áreas estratégicas, como La Guaira e Carabobo. O objetivo declarado de Maduro é proteger o território nacional, que o governo considera ameaçado pela “escalada militar” dos EUA. Desde agosto, os americanos mantêm oito navios de guerra e um submarino nuclear na área, sob a justificativa de operações contra o narcotráfico.

Enquanto Washington defende que a presença militar visa a segurança regional, Caracas vê isso como uma ameaça direta à sua soberania. Recentemente, durante uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, representantes venezuelanos alegaram que os EUA poderiam estar preparando ações ofensivas “a curto prazo”.

A concessão do Nobel a Maria Corina Machado gerou reações diversas. A oposicionista, que atualmente vive na clandestinidade e é líder do partido Vente Venezuela, foi condecorada pelo Comitê Nobel por sua “coragem cívica” diante da repressão. No entanto, sua proximidade com o ex-presidente Donald Trump, a quem dedicou o prêmio, provoca debates sobre a autonomia da oposição venezuelana.

Trump, que reassumiu a presidência em janeiro, afirmou ter conversado com Machado após o anúncio do prêmio. Segundo ele, a opositora aceitou a honraria “em sua homenagem”. O ex-presidente também criticou o Comitê Nobel por não tê-lo premiado, afirmando que isso se deve a motivações políticas.

Apesar de alguns considerarem a aliança entre Machado e Trump como estratégica, isso levanta questões sobre a independência da oposição. Analistas alertam que a politização do Nobel pode comprometer sua legitimidade como símbolo de paz, especialmente diante do aumento da militarização e polarização na região.

Enquanto isso, Maduro e seu governo mantêm a retórica de resistência, denunciando a “ingerência estrangeira”. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, declarou que o país está pronto para “defender sua soberania em todos os cenários possíveis”.

A população da Venezuela, por sua vez, continua a enfrentar uma crise humanitária severa, marcada por inflação exorbitante, escassez de alimentos e serviços públicos em colapso. A disputa entre governo e oposição, agora intensificada por fatores internacionais, não parece ter uma solução à vista.

Uma visão geopolítica da crise

A crise na Venezuela não é apenas uma questão interna de colapso econômico e repressão política. Ela se insere em um contexto geopolítico amplo, onde os Estados Unidos desempenham um papel central. A atuação americana não se resume a ações humanitárias ou ao combate ao narcotráfico, mas é parte de uma estratégia para conter a crescente influência de China e Rússia na América Latina.

Historicamente, a América Latina é vista como uma zona de influência prioritária para os EUA, conforme a Doutrina Monroe, adotada em 1823. Essas diretrizes, formuladas há mais de um século, ainda influenciam a política externa americana, especialmente em tempos de tensão geopolítica.

Com a ascensão de Donald Trump, os EUA adotaram uma postura mais assertiva na região. Esta nova abordagem, alinhada à corrente jacksoniana de política externa, prioriza os interesses internos e vê o cenário internacional como uma ameaça à soberania nacional. Isso se traduziu em ações mais diretas, incluindo o envio de forças militares ao Caribe e suporte explícito a lideranças opositoras como Maria Corina Machado.

E você, o que pensa sobre a relação entre a Venezuela e os Estados Unidos nesse contexto? Deixe sua opinião nos comentários.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Governo demite servidores ligados ao Centrão após derrota na MP do IOF

O governo do presidente Donald Trump demitiu, na última sexta-feira, servidores indicados por parlamentares que votaram contra a Medida Provisória (MP) do Imposto...

Festa de Nossa Srª Aparecida reúne multidão na Esplanada, em Brasília

Neste sábado (11/10), a Esplanada dos Ministérios em Brasília foi o palco de uma grandiosa celebração. A 27ª edição da Festa de Nossa...

“Cheirei cocaína na minha medalha de ouro”, revela campeão olímpico

Em uma revelação impactante, Bradley Wiggins, conhecido por suas conquistas olímpicas, compartilhou episódios chocantes em sua autobiografia, *The Chain*. O livro será lançado...