O filme Tron: Ares já está em cartaz nos cinemas brasileiros, apresentando uma proposta que ressoa com a realidade atual. A trama gira em torno de um Programa, uma entidade digital da franquia, que é projetada para o mundo físico, marcando o primeiro contato humano com uma inteligência artificial (IA) fora da Grade, o ambiente virtual da história. Joachim Rønning dirige e o elenco conta com nomes como Jared Leto, Greta Lee, Evan Peters, Jodie Turner-Smith, Hasan Minhaj, Arturo Castro e os veteranos Gillian Anderson e Jeff Bridges.
Tron: Ares insere a franquia no debate sobre tecnologia, questionando as fronteiras entre software e realidade. Como um agente digital reage ao se deparar com o mundo físico? Quais são as implicações dessa experiência na interação diária com algoritmos, desde feeds até recomendações de compras?

Sinopse e contexto: onde Ares se encaixa na cronologia
- Ares é o terceiro filme da série, sequência direta de Tron (1982) e Tron: O Legado (2010).
- Um Programa avançado é enviado do digital para o físico para cumprir uma missão, iniciando o primeiro encontro humano com uma IA fora do sandbox.
- O elenco reúne Jared Leto (Ares), Greta Lee e o retorno de Jeff Bridges.
- O filme preserva a linha do tempo da franquia, apostando na fricção entre código e realidade, facilitando a entrada de novos espectadores ao mesmo tempo que mantém os temas tecnológicos relevantes.
Em Tron: Ares, o protagonista evolui de um simples código para alguém que precisa interpretar contextos, ler sinais ambíguos e tomar decisões sob as limitações do mundo real. Esses são desafios que ainda limitam agentes de IA e robótica fora de ambientes controlados. Com a ação transposta para as ruas, o filme troca o “prompt perfeito” por situações imprevisíveis, aproximando a ficção dos dilemas reais de segurança, ética e responsabilidade que cercam sistemas conectados.
O diretor Joachim Rønning fez uma comparação interessante para explicar a evolução do agente: “Não quero ser clichê, mas sempre pensei nele um pouco como Pinóquio. Ares quer ser um menino de verdade”, comentou em entrevista. Essa analogia ajuda a compreender o arco dramático sem jargões, focando em temas como consciência, empatia e escolha — centrais nos debates sobre autonomia de sistemas.
Da Grade às ruas: efeitos práticos que ecoam a realidade
Embora Tron tenha surgido como uma vitrine de computação gráfica, Ares utiliza cenários e veículos físicos para trazer a estética da franquia para o cotidiano. As famosas Motos de Luz, por exemplo, foram construídas na vida real e filmadas em movimento, conferindo um peso visual às perseguições e evitando um visual excessivamente digital.

Esse uso de cenários físicos impacta a percepção de risco e a presença dos personagens. Ao filmar atores interagindo com ambientes tangíveis, o filme cria um vocabulário visual que aproxima o espetacular do plausível, similar à lógica de protótipos e “provas de conceito” em hardware.
Games como espelho: design de sistemas e cultura gamer
Desde 1982, Tron articula sua mitologia usando a linguagem dos jogos: regras claras, feedback visual e desafios progressivos. Ares mantém essa essência, atualizando-a para uma era em que engines e assets se interconectam entre cinema e games, enquanto eventos no mundo real, como convenções e campeonatos, moldam as localidades e produtos.
Na prática, o filme funciona como um “jogo expandido”: com visuais neon, interfaces que mostram o estado do sistema e cenários semelhantes a arenas, elementos que dialogam com a história da franquia nos videogames e com experiências imersivas além da tela.
Ideias que “vazam” para o cotidiano: identidade, segurança e interfaces
Os artefatos de Tron — discos que armazenam dados, veículos que traçam paredes de luz e ambientes moldados por regras do sistema — funcionam como metáforas para identidade digital, autenticação, rastros digitais e perímetros de segurança que podem ser rapidamente criados e desmantelados.

A presença do Programa no mundo físico gera questões relevantes para quem observa a evolução da IA generativa e de agentes autônomos: como auditar decisões? Como lidar com vieses quando a máquina sai do laboratório? Tron: Ares propõe um “sandbox narrativo” para refletir sobre aplicações e limites, utilizando uma linguagem visual instigante.
O que você achou do filme? Ele provocou reflexões sobre a relação entre tecnologia e humanidade para você? Comente abaixo e compartilhe suas opiniões!
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