Quando pensamos em ímãs, a primeira imagem que surge é, muitas vezes, a de um ímã de geladeira. Contudo, a força magnética da Terra, especialmente aquela que conseguimos gerar em laboratório, vai muito além disso.
O campo magnético natural do planeta, que surge do movimento do ferro e do níquel líquidos em seu núcleo, varia entre 0,25 e 0,65 gauss na superfície. Parece pouco? Para comparação, o ímã de geladeira é cerca de 200 vezes mais potente. Mesmo assim, esses valores são minúsculos comparados ao que a ciência já conseguiu criar de forma artificial.
De acordo com o site IFLScience, o campo magnético mais poderoso já criado de forma controlada está nos Estados Unidos, no Laboratório Nacional de Campo Magnético (MagLab), localizado em Tallahassee, na Flórida. Esse laboratório possui um ímã experimental que pode atingir 100 teslas, ou seja, 1 milhão de gauss. Isso representa a força magnética mais intensa e estável já produzida pelo ser humano, sem causar danos ao equipamento.

Campo magnético mais forte do mundo: os números impressionam
- O campo magnético natural da Terra varia entre 25.000 e 65.000 nT (0,25 e 0,65 gauss).
- O ímã do MagLab atinge 1 milhão de gauss, mais de 1,5 milhão de vezes mais forte que o campo natural.
- Para funcionar, é resfriado a -198 °C para não derreter durante os testes.
- A energia para criá-lo vem de um gerador de 1,4 gigawatt, semelhante ao que uma pequena usina usa.
Como funciona o ímã mais poderoso do planeta
O superímã do MagLab é composto por quatro circuitos elétricos que operam em conjunto para gerar um campo magnético imenso e altamente controlado. O núcleo do equipamento é alimentado por um conjunto de capacitores e um gerador de potência colossal. Para evitar que o calor cause danos, ele é mantido em temperaturas criogênicas próximas de duzentos graus negativos.
A equipe do MagLab afirma que seu sistema atinge 100 teslas sem danificar o equipamento, algo que poucas instituições conseguem. Para efeito de comparação, um ímã de ferro-velho utilizado para levantar carros atinge cerca de 1 tesla.
Embora alguns experimentos tenham superado esse limite, isso geralmente resulta na destruição dos dispositivos usados. Em 2018, cientistas japoneses geraram 1.200 teslas, e em 2001, pesquisadores russos chegaram a 2.800 teslas — ambos os casos resultaram na explosão dos equipamentos segundos depois.
Segundo o físico Shojiro Takeyama, da Universidade de Tóquio, esses campos extremos possibilitam observar o comportamento de elétrons em condições que normalmente não conseguimos reproduzir. Com campos acima de mil teslas, é possível investigar novos tipos de materiais e até avançar nas pesquisas de fusão nuclear, destacou o pesquisador ao ScienceDaily em 2018.
O poder (e o limite) da força magnética
Invenções como o ímã do MagLab demonstram o quanto a humanidade já entende e controla as forças invisíveis da natureza. A partir desse conhecimento, é viável desenvolver tecnologias que vão de novos materiais eletrônicos a soluções para a geração de energia limpa por fusão.
Porém, os próprios cientistas reconhecem que lidar com essa força extrema exige controle absoluto. Um erro de cálculo pode transformar um avanço em uma explosão inesperada.
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