O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (14/10) que os réus do núcleo 4 atuavam como uma central de contrainteligência para a organização criminosa. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento do grupo que estava envolvido na trama golpista.
Durante suas considerações finais, Gonet destacou que as ações informacionais do grupo deixavam claro o intento golpista. Ele mencionou os ataques virtuais que foram realizados, especialmente depois da derrota eleitoral de 2022, quando a organização encontrou resistência por parte de dois comandantes das Forças Armadas em relação à Constituição.
Quem faz parte do Núcleo 4
- Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército. Barros e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, discutiram em dezembro de 2022 um possível golpe de Estado, no qual as Forças Armadas tomariam o poder. A conversa foi registrada pela Polícia Federal.
- Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército. Atuou com o ex-marqueteiro de Javier Milei, presidente da Argentina, para descredibilizar as eleições brasileiras, argumentando sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal. Ele elaborou, a pedido do PL, um relatório sobre alegadas falhas nas urnas eletrônicas, que foi usado pelo partido para justificar a anulação de votos.
- Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército. Cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ele é acusado de usar ferramentas da agência para disseminar informações falsas.
- Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército. Almeida estava envolvido em um áudio onde sugeria se afastar dos limites da Constituição para facilitar uma tentativa de golpe após as eleições.
- Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército, conhecido como “Velame”. Ele é investigado por supostamente planejar uma operação de sequestro contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
- Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal. Ele fazia parte de um núcleo paralelo na Abin e é acusado de dar ordens para violências contra um assessor do presidente do STF.
O núcleo 4 é considerado responsável pela difusão de desinformação que buscava obstruir o processo eleitoral de 2022, impedindo a posse do presidente Lula.
“Foi por meio da contribuição deste grupo que a organização criminosa usou narrativas falsas do processo eleitoral,” enfatizou Gonet.
No último mês, a Suprema Corte condenou oito réus do núcleo 1, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A pena de Bolsonaro, apontado como líder da tentativa de golpe, foi a maior, totalizando 27 anos e 3 meses.
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