Após cumprir 15 anos de pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, Francisco Mairlon Barros Aguiar agora se prepara para um novo capítulo em sua vida. Com a recente anulação de sua condenação, o foco agora é ir ao Ceará para reencontrar seu filho, que ainda não conheceu. Mairlon foi condenado quando seu filho estava apenas em fase gestacional.
Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (10), na casa da família em Novo Gama, Mairlon expressou sua ansiedade. “Fiz muitos planos com meu filho, e perdi a chance de acompanhar seu crescimento. Estou ansioso demais para ver ele”, afirmou.
Além de reencontrar seu filho, ele planeja visitar seus pais, que sempre foram seu suporte durante os anos difíceis na prisão. “A família é a base de tudo. Sem ela, não sei como teria lidado com a situação. Ver a família e os amigos novamente é um sonho”, destacou.
Mairlon também comentou sobre como tem lidado com a tecnologia moderna. “Usar o celular é uma novidade para mim. Na minha época, era Orkut e MSN. Tudo isso é muito estranho”, brincou, referindo-se ao tempo que passou na prisão.
O reencontro com a família deve acontecer no fim do ano, mas ele ficará em Brasília por enquanto, acompanhando o processo final da anulação de sua condenação. “Vou aproveitar cada momento da liberdade”, disse Mairlon.
Liberdade após 15 anos
Mairlon foi liberado na terça-feira (14/10), quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular sua condenação por participação em um triplo homicídio. Ele teve um alvará de soltura emitido na madrugada do dia seguinte, com sua família esperando emocionada na saída da prisão.
“É o dia mais feliz da minha vida. Agradeço a todos que não desistiram de mim. Foram muitos desafios dentro da prisão”, disse, profundamente emocionado. Apesar da alegria, ele enfatizou a injustiça da condenação, afirmando que passou por muitas humilhações e dores.
Entenda o caso
Francisco foi condenado a 47 anos, 1 mês e 10 dias por sua suposta participação no homicídio do casal José e Maria Villela e de sua funcionária. O caso teve uma reviravolta quando um dos confessos executores mudou seu depoimento, isentando Mairlon da culpa.
Agora, com o processo encerrado, Mairlon é considerado inocente. Contudo, o Ministério Público anunciou que irá recorrer da decisão. A ONG The Innocence Project apoiou a anulação de sua condenação, argumentando que Mairlon foi injustamente acusado.
O STJ, ao analisar o caso, criticou o fato de que Mairlon foi condenado apenas com base nos depoimentos de cunho extrajudicial, sem evidências concretas apresentadas em juízo. Vários ministros sugeriram mudanças na forma como os depoimentos são coletados em investigações para evitar abusos semelhantes no futuro.
E você, o que acha sobre a anulação dessa condenação? Compartilhe sua opinião nos comentários.
Facebook Comments