Mais velha entre escolas de samba da nova geração em Salvador, Filhos da Feira acredita na força da comunidade

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Frutas, ervas, pescados e artesanato são algumas das atrações da Feira de São Joaquim, mas uma escola de samba se destaca nesse cenário vibrante. A Filhos da Feira traz consigo a história e a cultura do Carnaval de Salvador.

Fundada em 2006, a Filhos da Feira é a escola mais antiga entre as três que ainda preservam essa tradição. Criada pelo compositor Alaor Macêdo, responsável por muitos enredos das antigas agremiações, a escola se originou de uma busca por revitalização do samba na cidade.

Em entrevista, a presidente Avani de Almeida recorda como Alaor reuniu diversas escolas, antigas e novas, com o objetivo de aumentar a visibilidade do samba. “Ele percebeu que a Feira de São Joaquim era uma comunidade rica e que tinha o potencial de abrigar uma escola de samba”, conta Avani.

O processo de fundação da Filhos da Feira não foi fácil. Liberato, um colaborador essencial, ajudou na gestão e na busca por moradores que quisessem se associar à escola. O resultado? O CD “Abre Alas do Samba”, que se tornou o primeiro samba-enredo da agremiação.

Para Avani, a conexão com a religião é vital para uma escola de samba. A Filhos da Feira, por exemplo, é guiada por Dona Inês, responsável por um terreiro no Largo do Tanque. “O projeto da escola de samba tem suas raízes na religiosidade”, afirma.

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Para se destacar no Carnaval atual, a Filhos da Feira teve que mudar de rota. Antigamente desfilava no Campo Grande, mas as novas configurações do evento tornaram o desfile inviável. Agora, a escola encontrou um novo lar no Circuito Batatinha, no Pelourinho, e no Fuzê do circuito Orlando Tapajós.

“Lá conseguimos um desfile mais amplo. A sonorização é desafiadora, mas estamos buscando soluções”, revela Avani, que se esforça para garantir que a escola mantenha sua identidade.

A luta pela visibilidade das escolas de samba em um cenário dominado pelos trios elétricos não é só da Filhos da Feira. Avani aponta que outras agremiações enfrentam o mesmo desafio. “Nos unimos aos blocos afro em busca de apoio e uma voz comum”, comenta.

Na década de 70, as escolas de samba contavam com mais apoio público. Avani destaca que a legalização fez com que esses incentivos diminuíssem, impactando drasticamente a continuidade do Carnaval.

Frente a todas as dificuldades, a Filhos da Feira reconhece a importância de cultivar o diálogo com o estado. “Criamos uma instituição para unir os blocos, realizando protestos para sermos ouvidos”, relata.

Avani também destaca a necessidade de adaptação das escolas ao novo cenário do Carnaval. Segundo ela, “uma escola não precisa de um equipamento tão grande quanto um trio elétrico, pois isso descaracteriza nossa proposta.”

Filhos da Feira vai além de apenas apresentar samba no Carnaval. Para Avani, a escola tem um papel social importante, como fazer consultas e exames para seus integrantes. “Fazemos isso com amor e um intuito de ajudar”, explica.

Sem verbas significativas para os músicos, Avani afirma que a ajuda é apenas uma compensação, o que a motiva é ver mudanças na vida das pessoas através da arte.

Quando o assunto é a criação de um sambódromo em Salvador, Avani acredita que ele deve ser um espaço que valorizasse não apenas os blocos tradicionais, mas também as escolas de samba. “Precisamos de um local que funcione o ano todo, apoiando a produção das fantasias e a economia do samba”, conclui.

A Filhos da Feira se mantém firme, mostrando que o samba ainda tem força. Avani reforça: “A escola de samba é uma comunidade, e essa é a nossa grande força.”

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