Peru decreta estado de emergência em Lima por 30 dias

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O presidente do Peru, José Jerí, anunciou um estado de emergência de 30 dias na capital, Lima, para combater o aumento da criminalidade e da violência nas ruas. O decreto, publicado nesta terça-feira, entra em vigor à meia-noite (2h de Brasília).

Essa medida vem em um momento de intensa crise política e social, especialmente após a morte do rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, durante protestos na última quarta-feira.

De acordo com fontes locais, o músico foi atingido por um disparo de um policial, o que gerou grande indignação e novas críticas à administração de Jerí.

Com o estado de emergência, as autoridades podem restringir direitos como a liberdade de reunião e trânsito, além de autorizar operações conjuntas da polícia com as Forças Armadas. O governo espera que essa ação possa conter a criminalidade crescente e os protestos programados para os próximos dias.

Conflitos e feridos nas manifestações

Os protestos, que tiveram o apoio de jovens da chamada “Geração Z” — nascidos entre 1995 e 2009 — começaram de forma pacífica, mas resultaram em confrontos com as forças de segurança. Manifestantes usaram coquetéis molotov, fogos de artifício e outros objetos contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O presidente relata que 55 policiais e 20 civis ficaram feridos, além de dez prisões durante as manifestações, que ocorreram principalmente na Praça San Martín, no centro de Lima, convocadas via redes sociais.

As principais reivindicações incluem ações contra a criminalidade, a saída do presidente interino, o fechamento do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para elaborar uma nova Constituição.

Jerí expressou nas redes sociais seu pesar pela morte de Trvko e solicitou que as investigações esclareçam os fatos e as responsabilidades.

Protestos após impeachment de Dina Boluarte

José Jerí assumiu a presidência há apenas seis dias, após o impeachment de Dina Boluarte, que foi destituída de forma unânime pelo Congresso sob acusações de “incapacidade moral” relacionadas a escândalos de corrupção, como o “Rolexgate”.

Com 38 anos, Jerí era presidente do Congresso e é o sétimo líder do país desde 2016, em um cenário de crises institucionais que desestabilizaram a política peruana.

Em sua posse, ele afirmou que seu governo focaria na reconciliação nacional e no combate ao crime organizado, alertando que “as gangues criminosas são o verdadeiro inimigo nas ruas”.

Raízes da revolta sob o antigo governo

Os protestos que levaram ao estado de emergência fazem parte de uma onda de mobilizações iniciadas ainda sob o governo Boluarte, em setembro, após a aprovação de uma reforma do sistema de aposentadorias.

Essa reforma obrigava todos os peruanos maiores de 18 anos a aderirem a um provedor de pensão, gerando grande insatisfação entre trabalhadores e estudantes. A revolta é também consequência de um descontentamento geral com as instituições, marcado por escândalos de corrupção, instabilidade econômica e crescente violência urbana.

As eleições gerais estão previstas para abril de 2026 e Jerí afirmou que pretende respeitar o resultado, comprometendo-se com a soberania e a ordem constitucional.

Quais são suas opiniões sobre a situação política no Peru? Compartilhe seus pensamentos nos comentários.

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