Em 2017, a Acadêmicos do Grande Rio trouxe o enredo ‘Ivete, do Rio ao Rio’ para o Carnaval, homenageando Ivete Sangalo. Embora a escola tenha ficado em quinto lugar, a apresentação a milhares de quilômetros de distância, em Salvador, inspirou um jovem do bairro Novo Marotinho a resgatar a tradição das escolas de samba na cidade.
Matheus Couto, o fundador da G.R.E.S. Diamante Negro, encontrou em seu projeto a motivação necessária para enfrentar os desafios do Carnaval atual, bem diferente do que era nos anos 70, quando as escolas eram o grande destaque da festa.
“A Grande Rio foi a escola que me fez fundar a Diamante Negro. Minhas cores são as mesmas”, diz Matheus, que aos 12 anos decidiu assistir ao desfile da Grande Rio e ficou encantado. Esse momento acendeu nele o desejo de entender o mundo das escolas de samba.
Desde então, Matheus mergulhou no universo do samba. Vivia 24 horas por dia nesse mundo, mas sentia que em Salvador não havia como viver essa experiência. Ele começou pesquisando a história dos desfiles e descobriu que as escolas de samba tinham sido protagonistas em outras épocas.
Para realizar seu sonho, Matheus começou criando uma maquete de sua escola. A União das Escolas de Samba em Maquete foi uma maneira de viver essa paixão, transformando seu quarto em um barracão, onde desenvolveu sua criatividade.
Com o apoio de uma escola já estabelecida, a Filhos da Feira, Matheus teve coragem para tirar seu projeto do papel. “Foi ali que percebi que era possível materializar meu sonho”, refere-se à sua madrinha na trajetória.
Ele reuniu crianças do bairro para formar uma bateria, usando camisetas de um time de futebol da região. Mesmo enfrentando dificuldades, em 2018 a G.R.E.S. Diamante Negro foi oficialmente fundada. Matheus precisou convencer seu avô de que a escola iria além de uma mera brincadeira, enquanto seu pai sempre o apoiou.
“Nunca imaginei que fosse desfilar, era apenas por diversão”, conta Matheus. No início, as apresentações ocorreram no próprio bairro, e com o tempo, o jovem começou a organizar a escola de forma mais estruturada.
Após um período de inatividade, sua frequência com a Filhos da Feira reacendeu seu sonho. Organizou campanhas para atrair adultos para a Diamante Negro, e hoje conta com cerca de 60 pessoas na escola, que promove desfiles no Novo Marotinho.
Para Matheus, o Carnaval de 2026, que terá como tema o samba, pode trazer mais visibilidade às escolas de samba de Salvador. No entanto, ele reconhece que o cenário atual ainda é desafiador para a inclusão dessas agremiações nos eventos.
Além disso, Matheus se mostra otimista com a proposta de um sambódromo, desde que venha acompanhado de incentivo para o desenvolvimento do samba na cidade. Ele acredita que esse espaço pode despertar o interesse por novas escolas e reavivar a tradição do samba em Salvador.
Aos seis anos de existência da Diamante Negro, Matheus se mantém como o sonhador que começou com uma maquete. Ele incentiva a nova geração a acreditar em seus sonhos, reafirmando que “não custa nada”.
E você, o que acha desse movimento de resgate das escolas de samba em Salvador? Compartilhe sua opinião e interaja conosco!

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