A advogada Lia Rachel de Sousa Pereira Santos, filha do desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí, José James Gomes Pereira, está sob investigação por supostamente ter recebido uma casa avaliada em R$ 2 milhões como parte de um esquema de propina ligado a decisões judiciais. A informação foi revelada em um relatório da Polícia Federal.
Lia e seu pai, além de empresários e advogados, foram alvos de mandados de busca e apreensão no início deste mês. A operação investiga a grilagem de terras no Piauí, com suspeitas de compra de sentenças do tribunal estadual.
A investigação aponta que Lia tinha grande influência sobre os processos no gabinete do pai, especialmente aqueles que lhe diziam respeito. Segundo a PF, ela recebeu pelo menos R$ 800 mil de forma dissimulada, ocultando a origem ilícita dos valores relacionados às vendas de decisões judiciais.
“Além de transferências diretas, parte do pagamento foi feita através da quitação da casa que comprou no Condomínio Aldebaran Ville em Teresina”, detalha o relatório.
Um dos casos investigados é o agravo de número 0750602-73.2023.8.18.0000, em que o empresário João Antônio Francioni é suspeito de ter pago R$ 26 milhões em propina para adquirir a decisão do desembargador. A PF afirma que os pagamentos à Lia foram feitos conforme as decisões eram vendidas.
Os pagamentos começaram com uma entrada de R$ 300 mil em 30 de dezembro de 2022 e continuaram com valores progressivos após a distribuição viciada do processo ao desembargador. A PF observa que o advogado Juarez Chaves de Azevedo Júnior atuou como intermediário nesse esquema.
Ex-assessor revela como funcionava o esquema no gabinete
Durante a investigação, um assessor que trabalhou por dois anos com o desembargador forneceu detalhes sobre o funcionamento do esquema. Ele relatou que Lia exercia controle sobre quais processos recebiam atenção, até mesmo influenciando seus resultados.
Com base em depoimentos e relatórios financeiros, a Polícia Federal realizou os pedidos de busca e apreensão. O assessor, João Gabriel Costa Cardoso, que atuou no gabinete entre 2021 e 2023, afirmou que Lia tinha poder decisório e se reunia frequentemente com ele para discutir a movimentação processual.
Qual sua opinião sobre essas alegações? Vamos continuar a conversa nos comentários.

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