ONGs de advogados de Marcinho VP criticam ação contra Comando Vermelho

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Na última quarta-feira, 29, diversas ONGs e associações, lideradas por advogados e familiares de Mário dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, expressaram descontentamento em relação à operação policial realizada nas favelas da Penha e do Alemão, que ocorreu um dia antes.

O Instituto Anjos da Liberdade, presidido pela advogada Flávia Fróes, que representa Marcinho, apresentou uma denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Já a Academia Brasileira de Letras do Cárcere, presidida por uma irmã de Marcinho, emitiu uma nota condenando a operação policial. Vale destacar que Marcinho, autor de quatro livros, ocupa a cadeira número 1 dessa academia.

Atualmente preso desde 1996, Marcinho VP foi condenado por assassinato e esquartejamento de dois traficantes rivais. Recentemente, um perfil em seu Instagram postou uma imagem impactante dos corpos encontrados na favela da Penha, com a mensagem “Hoje, o Rio virou cenário de luto e indignação. A FAVELA PEDE PAZ!”. O ex-desembargador Siro Darlan, da ABL Cárcere, afirmou que o perfil é administrado por familiares de Marcinho.

A nota da ABL Cárcere afirma que a operação resultou na morte de 128 pessoas, entre elas quatro policiais, e classifica a ação como “execuções sumárias promovidas pelo Estado”. O texto ressalta que, independente da suspeita de envolvimento com o crime, todos têm direito à presunção de inocência e ao devido processo legal, ressaltando que a pena de morte não é permitida no Brasil.

O Instituto Anjos da Liberdade solicitou à CIDH “medidas cautelares urgentes” para proteger defensores de direitos humanos e familiares das vítimas. No ofício, pedem proteção da Polícia Federal, saturação da destruição de provas, afastamento dos agentes envolvidos e a suspensão de operações policiais de grande porte no estado do Rio.

Até agora, a polícia do Rio de Janeiro confirma 119 mortes durante a operação, incluindo quatro policiais. O foco da ação era prender Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, um dos principais líderes do Comando Vermelho, que permanece foragido. Outros líderes da facção, como Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como “Belão do Quintungo”, foram detidos.

Documentação das Vítimas

Flávia Fróes mencionou que fez fotografias de cerca de trinta das vítimas, que apresentavam sinais de execução. Ela afirmou que essas imagens visam garantir que os corpos não sejam sepultados sem a devida documentação, acrescentando que teve autorização das famílias para fazê-las. “Num confronto, você não vai ter facada nas costas. Nós documentamos com a autorização dos familiares”, disse Flávia. As fotografias serão enviadas à CIDH.

Embora não trabalhe mais com réus do tráfico há três anos, Flávia ainda atua no caso de Marcinho VP, mantendo seu compromisso com a defesa da justiça.

O que você acha sobre a operação e as reações geradas por ela? Deixe sua opinião nos comentários e contribua para essa discussão importante.

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