Os vermes-zumbi, criaturas fascinantes que se alimentam de ossos de baleia, estão desaparecendo de regiões onde antes eram comuns. Esse fenômeno inquieta os cientistas e foi identificado em um experimento de longa duração realizado pela Ocean Networks Canada (ONC) e pela Universidade de Victoria, no Canadá.
Fabio De Leo, pesquisador sênior do ONC, comentou sobre a preocupação da equipe. “Estamos falando sobre uma possível perda de espécies”, afirmou. O estudo, que revelou essa informação alarmante, foi publicado na revista Frontiers in Marine Science.

O papel ecológico dos vermes-zumbi
Os vermes-zumbi, chamados cientificamente de Osedax, habitam carcaças de baleias que afundam no fundo do mar. Sem olhos, boca ou sistema digestivo, eles conseguem extrair nutrientes dos ossos utilizando raízes especializadas que liberam ácido, permitindo que bactérias simbióticas realizem a digestão.
Esse processo, embora pareça grotesco, é vital para manter o equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Ao perfurar os ossos, os vermes criam habitats mais complexos, que servem de abrigo para outras espécies. “Os vermes Osedax alteram o habitat, aumentando a biodiversidade nesses ambientes de mar profundo”, explicou a pesquisadora Ashley Marranzino, em artigo no portal Oceanbites.

Desaparecimento nas profundezas
Para investigar a presença desses organismos, a equipe de De Leo depositou ossos de uma baleia-jubarte no fundo do Cânion Barkley, uma área com baixo teor de oxigênio na costa da Colúmbia Britânica, conhecida por ser rota migratória das baleias.
Após dez anos de observação, nada foi encontrado. Essa ausência acendeu um alerta, pois essas comunidades atuam como “ilhas biológicas”, conectando diferentes ecossistemas marinhos. “Essa conectividade pode estar se perdendo”, destacou De Leo. “Sem ela, podemos observar uma redução na diversidade das espécies de Osedax em várias regiões.”

Mudanças climáticas como causa provável
Os pesquisadores acreditam que a ausência dos vermes pode estar ligada à queda nos níveis de oxigênio no Cânion Barkley, consequência do aquecimento global. Com o aumento da temperatura dos oceanos, as chamadas zonas de oxigênio mínimo (OMZs) têm se expandido, dificultando a vida marinha.
“O aumento dessas zonas de baixo oxigênio é uma consequência direta do aquecimento dos oceanos”, afirmou Craig Smith, professor emérito da Universidade do Havaí e coautor do estudo. “Isso representa uma má notícia para os ecossistemas associados às carcaças de baleias e madeira no nordeste do Pacífico.”
E você, o que pensa sobre as mudanças climáticas e seu impacto nos ecossistemas marinhos? Compartilhe sua opinião nos comentários.

Facebook Comments