O governo francês anunciou na última segunda-feira que pode bloquear o acesso à plataforma de e-commerce Shein. A empresa está sendo investigada por oferecer bonecas sexuais com aparência de crianças, o que gerou indignação entre as autoridades.
A Direção-Geral da Concorrência, Proteção do Consumidor e Controle de Fraudes da França identificou a presença dessas bonecas no site da Shein. As descrições e categorias dos produtos deixam claro que eles têm uma natureza pornográfica associada a crianças. O caso foi encaminhado ao Ministério Público para uma investigação mais aprofundada.
O ministro da Economia, Roland Lescure, expressou seu desprezo pela situação. Ele afirmou que, caso essa conduta persista, o governo tem o direito de banir a plataforma do mercado francês. “Isso está previsto em lei”, comentou Lescure, ressaltando que pode tomar medidas em casos de terrorismo, tráfico de drogas ou pornografia infantil.
A investigação se concentrará nos produtos disponíveis na plataforma de baixo custo, e as autoridades judiciais estão cientes do problema. Lescure enfatizou que “esses objetos terríveis são ilegais” e que as autoridades podem exigir a remoção de conteúdos ilegais em até 24 horas. Se a Shein não atender a essa solicitação, provedores de internet poderão ser obrigados a bloquear o site.
Punições severas previstas
A distribuição de material pornográfico infantil online pode resultar em penas de até sete anos de prisão e multas que chegam a 100 mil euros (aproximadamente R$ 618 mil). Além disso, a fiscalização também notou que a Shein vende outros produtos de natureza pornográfica, sem medidas adequadas para proteger menores de idade de acessá-los.
As autoridades emitiram uma notificação formal para que a plataforma tome medidas corretivas urgentes e uma comissão parlamentar planeja convocar representantes da Shein para explicações.
Antoine Vermorel-Marques, relator da comissão, destacou que “nenhum agente econômico pode se considerar acima da lei” e que a Shein precisa justificar suas ações diante dos parlamentares.
Fundada na China em 2012 e atualmente sediada em Singapura, a Shein se tornou líder global em fast fashion, atendendo 150 países. Apesar de seu sucesso, a empresa enfrenta críticas tanto por suas práticas trabalhistas quanto por seu impacto ambiental.
Protestos em Paris
A ameaça de bloqueio surge poucos dias antes da inauguração da primeira loja física da Shein em Paris, localizada no BHV Marais, uma famosa loja de departamentos na capital. Uma petição online contra a abertura da loja já conquistou mais de 100 mil assinaturas.
Frederic Merlin, presidente da Sociedade das Grandes Lojas, descreveu a venda das bonecas como “indecente” e “inaceitável”, assegurando que nenhum produto do marketplace da Shein será vendido na loja. Além disso, a ONG de proteção à infância Mouv’Enfants promoveu um protesto na loja, alertando que a presença dessas bonecas em qualquer parte do mundo faz a empresa cúmplice de um sistema que permite crimes sexuais contra crianças.
O que você pensa sobre essa situação? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe suas reflexões sobre o papel das plataformas online na proteção de crianças.

                                    
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