O arsenal do Comando Vermelho (CV) tem se diversificado, deixando de depender apenas do tráfico internacional de fuzis completos. A facção tem apostado cada vez mais nos chamados “fuzis Frankenstein”. Essas armas, montadas no Brasil com peças importadas, principalmente dos Estados Unidos, estão se tornando fundamentais para o poder bélico do CV, de acordo com a Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos (Cfae) da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Esses armamentos hibridos são compostos por canos, coronhas, carregadores e miras adquiridos sem barreiras alfandegárias. Com a adição de receptores clandestinos, eles operam como fuzis totalmente funcionais, apresentando alto poder letal e baixo risco para os responsáveis pelo contrabando.
Essa estratégia é uma forma de driblar a fiscalização federal. Enquanto a importação de um fuzil completo exige controles rigorosos e uma autorização militar, a compra de peças avulsas acaba passando despercebida pelos sistemas de segurança.
Armas de guerra disfarçadas
Além dos “fuzis Frankenstein”, o uso de fuzis conhecidos como copyfakes tem aumentado. Essas réplicas, feitas com partes de airsoft ou materiais de menor qualidade, podem falhar com mais frequência, mas ainda são letais. A facção também inclui em seu arsenal submetralhadoras feitas com impressoras 3D.
Rotas e origens: dos EUA às favelas
Em um levantamento realizado pela Polícia Militar, ficou evidente que 95% dos fuzis apreendidos no Rio são estrangeiros. As principais rotas de entrada incluem:
- Estados Unidos: envio de peças e componentes para fuzis Frankenstein.
- Paraguai: rota terrestre para armas prontas e acessórios.
- Amazônia: armamentos desviados de forças militares do Peru, Colômbia e Venezuela.
- Europa: países como Bélgica, Alemanha e Suíça figuram frequentemente nas apreensões.
Essas rotas abastecem um exército armado presente em pelo menos 24 localidades do Rio, incluindo Maré, Jacarezinho, Penha, Alemão e Salgueiro.
Mercado milionário
Na megaoperação da semana passada, 93 fuzis, incluindo alguns “Frankenstein”, foram apreendidos nos complexos do Alemão e da Penha. O prejuízo estimado ao CV chega a R$ 12,8 milhões.
O Comando Vermelho tem se estruturado para se assemelhar a uma força paramilitar, contando com drones equipados com explosivos, rádios encriptados, fardas camufladas e armamento com maior poder de fogo do que as forças locais.
Enquanto isso, a legislação brasileira ainda trata o porte de fuzil como um crime comum não cumulativo, diminuindo a pena para quem é flagrado com armas de guerra. Este assunto deve ser discutido em futuros debates sobre a política de enfrentamento ao crime organizado, especialmente após a megaoperação mais letal da história do Rio.
O que você pensa sobre essa situação? Deixe sua opinião nos comentários e vamos discutir juntos essa questão tão importante para a segurança da nossa cidade.

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