Ana Maria Gonçalves, autora do aclamado romance Um defeito de cor, fez história ao se tornar a primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras. Em uma cerimônia emocionante realizada no Rio de Janeiro, ela tomou posse na cadeira número 33 na noite de sexta-feira (7).
Durante seu discurso, Ana Maria expressou gratidão a sua ancestralidade, reconhecendo a influência de sua história e raízes. “Agradeço, por fim, à minha ancestralidade, fonte inesgotável de conforto, fé, paciência e sabedoria”, afirmou, celebrando a rica trajetória que a trouxe até ali.
Ela destacou o legado dos antecessores da cadeira 33, como o fundador Domício da Gama e o linguista Evanildo Bechara. Domício, jornalista e diplomata, morreu há 100 anos, e Bechara deixou uma contribuição significativa à língua portuguesa, incluindo sua famosa gramática.
Ana Maria também refletiu sobre a exclusão das mulheres na Academia. Iniciativas de mudança começaram a surgir após a rejeição da candidatura da escritora Amélia Beviláqua em 1930. Ela mencionou as figuras femininas que se seguiram, como Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles, ressaltando o papel delas na construção da identidade literária do Brasil.
Com emoção, a escritora falou sobre a importância de diversificar as vozes na academia. Ela observou que, historicamente, a presença negra foi escassa, com apenas Domício Proença sendo um dos poucos acadêmicos negros na história da instituição. Ana Maria reconheceu que sua própria candidatura foi influenciada por iniciativas recentes que buscaram promover a diversidade.
“Cá estou eu, 128 anos depois da fundação, como a primeira escritora negra eleita para a Academia Brasileira de Letras. Assumo como missão promover a diversidade nesta Casa”, concluiu, reafirmando seu compromisso em abrir portas e ampliar a visibilidade da literatura brasileira.
A cerimônia incluiu a apresentação feita por Lilia Schwarcz, uma das acadêmicas, que apontou a relevância da obra de Ana Maria e como sua voz traz à tona questões sociais contemporâneas, como a violência nos bairros cariocas.
Entre os presentes, a atriz Regina Casé comentou sobre a significância da posse de Ana: “É assustador pensar que só em 1977 uma mulher entrou aqui”. Lázaro Ramos, por sua vez, destacou a importância de Um defeito de cor em sua própria vida, elogiando a capacidade da autora em conectar emoções profundas com o leitor.
Ana Maria Gonçalves não apenas se torna um marco na Academia Brasileira de Letras, mas sua presença simboliza uma nova era de diversidade e inclusão na literatura brasileira. O que você acha dessa mudança? Comente sua opinião!

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