Na última terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou que planeja reduzir “algumas tarifas” sobre o café, um dos principais produtos que o Brasil exporta. A declaração ocorreu durante entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News, e surge após meses de pressão do setor cafeeiro americano, que enfrenta aumento significativo nos custos.
Trump destacou que “vamos baixar algumas tarifas sobre o café, e vamos ter algum café entrando [nos EUA]”. Embora tenha prometido uma ação rápida e eficaz, não detalhou a extensão da redução nem especificou quais países seriam beneficiados. O Brasil, que representa cerca de um terço dos grãos consumidos nos Estados Unidos, já enfrenta uma sobretaxa de 50% desde agosto.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os Estados Unidos, que são os maiores consumidores do mundo. A Colômbia ficou em segundo lugar, com exportações de US$ 1,48 bilhão, segundo a International Trade Administration.
A sobretaxa já gerou impactos profundos na cadeia cafeeira americana, que movimenta cerca de US$ 340 bilhões anualmente. Importadores relatam problemas como cargas paradas, e os torrefadores têm pago multas para cancelar entregas. Além disso, os consumidores estão lidando com aumentos de até 40% nos preços do café.
Os estoques de café estão projetados para atingir níveis mínimos até dezembro, e os preços já mostram a maior alta do século nos EUA. Em setembro, o produto subiu 3,6%, e em outubro registrou uma alta de 19% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Recentemente, Trump se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Malásia, onde começaram discussões sobre a possibilidade de retirar tarifas sobre produtos brasileiros, incluindo o café. Um eventual acordo entre os países pode tornar o café mais acessível para o consumidor americano.
As consequências da sobretaxa foram rápidas. Em setembro, as importações de café brasileiro pelos EUA tiveram uma redução de 52,8%, totalizando 332,8 mil sacas, conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Como resultado, Alemanha e Itália superaram os Estados Unidos em compras mensais.
Apesar da queda nas importações, os norte-americanos permanecem como os principais importadores, com um total de 4,36 milhões de sacas entre janeiro e setembro de 2025. Isso representa uma diminuição de 24,7% em relação ao mesmo período do ano anterior e equivale a 15% das exportações totais brasileiras.
O café não torrado representou 5,3% das exportações brasileiras para os EUA de janeiro a outubro deste ano, totalizando US$ 1,7 bilhão. No ano passado, essa participação era de 4,7%.
Além das tensões comerciais, fatores como mudanças climáticas também afetam a oferta global de café. Desde agosto, os preços futuros do café arábica, a variedade mais popular cultivada no Brasil, subiram quase 40%. O país enfrenta secas recorrentes desde 2020, o que pressiona ainda mais os preços.
Os cafés especiais, que têm maior valor no mercado, também sofreram: as exportações brasileiras para os EUA caíram 67%, conforme a Associação Brasileira de Cafés Especiais.
Antes das tarifas, os EUA importavam cerca de 150 mil sacas de café por mês de estados como Califórnia, Nova York e Oregon. Atualmente, esse número caiu para apenas 50 mil sacas.
O que você acha dessas mudanças nas tarifas do café? Compartilhe sua opinião e vamos discutir como isso pode impactar o mercado e os consumidores americanos.

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