Países africanos pedem adiamento da meta global de adaptação climática e preocupam Brasil na COP30

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As negociações sobre a Meta Global de Adaptação (GGA), que será uma das principais decisões da COP30 em Belém, começaram com um impasse. Países africanos solicitaram o adiamento da definição dos indicadores de adaptação por dois anos. Essa proposta frustra as expectativas do Brasil, que prioriza avanços rápidos nas discussões.

A solicitação foi feita em conversas preliminares no dia 11. O plano estabelece que a definição dos indicadores será feita apenas em 2027, quando a conferência deverá ocorrer na Etiópia. Um documento preliminar, ao qual tivemos acesso, não menciona um número final para os indicadores nem prevê uma adoção imediata.

Diplomatas afirmam que essa estratégia pode ser um teste de consenso entre os países. Apesar disso, a posição gera preocupação, pois um adiamento pode afetar um dos temas centrais do debate climático internacional.

A meta de adaptação visa criar formas de medir os esforços dos países para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. Isso inclui ações para fortalecer a agricultura, infraestrutura e cidades, especialmente em eventos extremos.

Quase dez anos após o Acordo de Paris, ainda não há consenso sobre como medir os progressos na adaptação. Inicialmente, havia uma lista de 5 mil indicadores, que foi reduzida para aproximadamente 100, mas o conjunto final ainda não foi definido.

Durante reuniões em Bonn, países africanos sugeriram limitar essa lista a 20 indicadores. Agora, pedem o adiamento, citando falta de recursos e capacidade técnica para implementar as novas métricas sem apoio financeiro internacional.

“Se um acordo não for alcançado em Belém sobre os indicadores, todo o trabalho feito até agora pode se perder”, advertiu Kristin Dreiling, assessora sênior de política internacional do clima da ONG The Nature Conservancy.

Além dos países africanos, nações árabes já expressaram apoio ao adiamento, aumentando o risco de atraso na conclusão da GGA. O Brasil, por sua vez, busca garantir que o assunto avance e seja formalizado até o fim da COP30, em 2025.

O rascunho atual do texto apresenta diferentes opções sobre pontos de discordância. Uma dessas opções sugere apenas “tomar nota” da lista de indicadores e iniciar uma fase piloto de testes, o que se alinha com a posição africana.

A questão do financiamento para adaptação climática é outro ponto polêmico. Estimativas da ONU apontam para uma lacuna de investimento que pode chegar a US$ 339 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhões) por ano. Alguns países defendem uma meta específica de financiamento, enquanto outros alegam que os recursos já estão garantidos no novo fundo global de US$ 300 bilhões anuais, criado na COP29, no Azerbaijão.

Algumas partes do texto até sugerem “sem texto” para o capítulo de financiamento, evitando o tema, enquanto outra alternativa propõe triplicar os recursos destinados à adaptação, alcançando US$ 120 bilhões até 2030.

Como presidente da COP30, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar as demandas por financiamento com a necessidade de aprovar os indicadores de adaptação.

“Agir pela adaptação significa poupar vidas e recursos”, enfatizou Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do WWF Brasil. “Precisamos que a Meta Global de Adaptação seja prioridade e entregue resultados na COP30, com indicadores claros para monitorar o progresso dos países.”

As discussões sobre o texto preliminar devem começar nesta quinta-feira, dia 13. Diplomatas acreditam que as próximas rodadas de negociação serão decisivas para determinar se a COP30 conseguirá um acordo histórico sobre adaptação climática.

E você, o que pensa sobre essas negociações? Deixe seu comentário e compartilhe sua opinião sobre a COP30 e suas implicações para o futuro climático.

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