Um novo estudo do Data Favela traz à tona o perfil das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no Brasil. Os dados, revelados na pesquisa “Raio-X da Vida Real”, mostram que a maioria dos envolvidos são negros, jovens e com filhos.
A pesquisa foca na dinâmica social de indivíduos ligadas ao tráfico, com base nas favelas mapeadas no último Censo do IBGE, realizado em 2022. A maioria dos entrevistados está localizada no Sudeste (43,3%) e no Nordeste (28,3%).
Foram entrevistadas 3.954 pessoas entre 15 de agosto e 20 de setembro em favelas de diversas regiões do país. Dos participantes, 79% eram homens e 21% mulheres. A faixa etária predominante é de 22 a 26 anos, representando 24% do total, seguida por jovens de 19 a 21 anos, que somam 19%. Pessoas entre 27 e 31 anos representam 17%, e as de 32 a 36 anos, 13%.
Os dados de origem mostram que cerca de 80% dos traficantes nasceram em favelas. Dentre eles, 53% afirmaram que sempre viveram na mesma favela, e 26% se mudaram para outra. Apenas 5% nunca nasceram ou cresceram em favelas.
A pesquisa também abordou a criação familiar. A maioria, 78%, cresceu em núcleos familiares que contavam com uma figura feminina central, como mães, avós ou tias. Em números, 35% foram criados por pai e mãe juntos, 30% apenas por mãe, 8% apenas por pai e 7% por avó.
Quando o assunto é parentalidade, 52% dos entrevistados afirmaram ter filhos. Dentre eles, 28% têm um filho, 33% têm dois, e 20% têm três. Além disso, 50% relataram ter um companheiro ou companheira, enquanto 26% disseram ter mais de um parceiro. Curiosamente, 84% afirmaram que não deixariam seus filhos entrarem para o crime.
Em uma análise das razões para permanecer no tráfico, 50% dos entrevistados citaram questões econômicas como os principais obstáculos. Entre eles, 33% afirmaram não conseguir outra fonte de renda, enquanto 17% não conseguem sustentar suas famílias. Os estados do Maranhão, Roraima e o Distrito Federal destacaram-se nessa questão.
A pesquisa revelou que 58% dos envolvidos no crime considerariam deixar essa vida, se surgissem oportunidades. Empreendedorismo e empregos formais são desejados por 57% dos entrevistados. Quando perguntados sobre o que os afastaria do crime, 22% mencionaram abrir um negócio próprio e 20% aceitariam um emprego com carteira assinada.
No que diz respeito à escolaridade, a maior parte, 35%, possui ensino fundamental completo, seguido por 22% que concluíram até o 8º ano. Apenas 4% alcançaram o ensino superior. Quando questionados sobre suas experiências escolares, 55% disseram gostar do ambiente escolar, citando a merenda e o aprendizado como razões.
Quanto à religião, mais de 48% dos entrevistados se identificam como cristãos, com 29% católicos e 19% evangélicos. Além disso, 22% seguem religiões de matriz africana, enquanto 15% se consideram ateus ou sem religião.
Com esses resultados, o estudo do Data Favela traz uma reflexão importante sobre o contexto social das pessoas envolvidas com o tráfico no Brasil. O que você pensa sobre esses dados? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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