Antônio Nazareno Mortari Vieira, ex-terceiro sargento do Exército Brasileiro, foi condenado pelo assassinato do jornalista Mário Eugênio. Aos 66 anos, ele é enfermeiro aposentado da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e atua na área há 18 anos, recebendo mais de R$ 17 mil mensais. Mesmo cumprindo pena por latrocínio, ele acumulou por mais de 13 anos os cargos de professor da Secretaria de Educação do DF e enfermeiro.
Nazareno, que foi inicialmente sentenciado a 34 anos de prisão pela morte de Eugênio e por outro crime em Cocalzinho (GO), viu sua pena unificada e reduzida para 24 anos por indulto judicial. Ele ficou encarcerado de 1985 a 1991, progredindo para o regime aberto em 1994. Após o cumprimento da pena, continuou a apresentar-se periodicamente à Vara de Execuções Penais até 2010, quando recebeu uma nova condenação de 23 anos pelos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver.
No seu currículo, Nazareno lista suas atividades atuais como professor no Centro Universitário do Planalto Central (Uniceplac) e menciona que leciona matérias como Anatomia Aplicada e Urgência e Emergência. Trabalhou também no Hospital de Base do DF. Em 2012, o Ministério Público de Contas do DF questionou a legalidade das suas admissões em concursos durante o cumprimento da pena. O Tribunal de Contas do DF apontou que não houve irregularidade, considerando o bom comportamento de Nazareno.
Em 2010, ele foi promovido ao cargo de assistente superior de saúde, aposentando-se em 2018. No entanto, em 2021, durante a pandemia, foi convocado pela SES-DF para atuar em caráter emergencial.
Crime planejado em churrasco
No dia 11 de novembro de 1984, o repórter policial Mário Eugênio foi assassinado no estacionamento da Rádio Planalto, após ter feito denúncias sobre grupos de extermínio no Distrito Federal. O inquérito revelou que Nazareno estava armado e atuou como escolta no crime, que foi previamente planejado durante um churrasco na casa dele.
Além de Nazareno, cinco outros indivíduos foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As penas variaram, e muitos dos envolvidos cumpriram apenas a pena mínima. Os mandantes do crime, incluindo autoridades da segurança pública na época, tiveram seus processos arquivados por falta de provas.
Outros participantes do crime
- Divino José de Matos: O executor de Mário Eugênio, condenado a 14 anos de prisão, foi capturado em 2003.
- David Antônio do Couto: Ele dirigiu o carro usado na fuga e cumpriu pena mínima, agora em liberdade.
- Iracildo José de Oliveira: Foi condenado a 2 anos e 6 meses, mas morreu em 1999.
- Aurelino Silvino de Oliveira: Simulou uma diligência policial na cena do crime, mas informações sobre seu paradeiro atual são escassas.
- Moacir de Assunção Loiola: Suspeito de envolvimento, morreu em circunstâncias suspeitas um ano após o crime.
Além de sua condenação, Nazareno também foi testemunha em casos de atentados e assassinatos de jornalistas, onde teria revelado nomes de militares envolvidos. Apesar de sua vida ativa na academia e em sua carreira, ele mantém um perfil discreto nas redes sociais, sem atualizações pessoais conhecidas. O SES-DF e a Uniceplac não comentaram sobre o caso até o fechamento desta reportagem.
O que você acha dessa história? Deixe sua opinião nos comentários.

Facebook Comments