Um estudo recente trouxe uma nova perspectiva sobre a chegada de objetos interestelares à Terra. Pela primeira vez, cientistas calcularam como esses corpos celestes, que vêm de outros sistemas planetários, chegariam ao nosso planeta.
As simulações indicam que esses visitantes chegariam em velocidades impressionantes. A velocidade mais provável no momento do impacto seria em torno de 72 km/s, o que é muito acima da maioria dos meteoros que vêm do nosso próprio Sistema Solar.
Embora a chance de colisão seja considerada baixa, até mesmo um pequeno objeto poderia causar danos significativos ao atingir a Terra devido à sua alta velocidade.
Para entender melhor esse cenário, os pesquisadores criaram uma enorme população virtual de objetos interestelares e simularam milhões de trajetórias possíveis. As descobertas mostraram que esses impactos não ocorreriam de forma aleatória; existem épocas do ano e regiões específicas onde essas colisões seriam mais prováveis.
Três objetos interestelares confirmados mostram que visitas desse tipo são reais
A passagem de grandes objetos interestelares pelo Sistema Solar deixou de ser uma hipótese. Nos últimos anos, três desses objetos foram identificados:
- 1I/’Oumuamua (2017);
- 2I/Borisov (2019);
- 3I/ATLAS (2025).

Todos esses objetos mostraram trajetórias hiperbólicas, confirmando sua origem fora do Sistema Solar, e velocidades altas: cerca de 26 km/s para ‘Oumuamua, 32 km/s para Borisov e 58 km/s para 3I/ATLAS.
Entre eles, as características variam bastante:
- ‘Oumuamua não tinha coma visível, mas mostrava aceleração não gravitacional típica de cometas;
- Borisov apresentava uma coma rica em poeira e monóxido de carbono;
- O tamanho dos núcleos também diferia, com um tendo aproximadamente 80 m e o outro cerca de 400 m.
Essa diversidade sugere que os objetos interestelares podem ter naturezas distintas, dificultando a previsão de seu comportamento perto da Terra.
O estudo não tenta estimar quantos objetos desse tipo poderiam atingir nosso planeta, mas sim calcular a distribuição esperada desses impactos.
Os cientistas criaram uma simulação grandes dimensões com 2,6 x 1014 objetos sintéticos, baseando-se no movimento típico das estrelas anãs M, para prever como esses visitantes se moveriam no espaço.
Gravidade solar desvia objetos mais lentos e concentra impactos em direções específicas
As simulações revelaram que os objetos interestelares que poderiam atingir a Terra tendem a ser mais lentos do que a média.

Isso se deve ao foco gravitacional: a gravidade do Sol curva as trajetórias dos objetos mais lentos, aumentando a chance de eles cruzarem a órbita terrestre.
Assim, a maioria dos objetos que poderiam colidir com a Terra passa pelo ponto mais próximo do Sol, localizado a cerca de uma unidade astronômica, que é a mesma distância da nossa planeta.
Além disso, esse efeito ajuda a identificar de onde esses objetos provavelmente viriam, sendo as chances maiores em duas regiões do céu:
- A direção do ápice solar (onde o Sol se move na galáxia);
- O plano galáctico (onde se concentra a maior parte das estrelas da Via Láctea).
Portanto, embora os objetos interestelares possam chegar de qualquer lugar, as chances são maiores de virem dessas duas áreas específicas.
As simulações também mostraram que os objetos mais rápidos seguem esse mesmo padrão, chegando principalmente das direções do ápice solar e do plano galáctico.
Inverno concentra mais impactos; primavera registra os mais rápidos
A pesquisa indicou um comportamento sazonal no risco de impactos, embora esse risco seja extremamente baixo. Os objetos interestelares são geralmente mais propensos a atingir a Terra durante o inverno do Hemisfério Norte.

Nesta época do ano, a Terra está voltada para o antápice, o ponto oposto ao movimento do Sol na galáxia. Essa configuração aumenta o tempo em que os objetos ficam “focalizados” pela gravidade solar, ampliando a chance de cruzarem a órbita do planeta.
Porém, não é no inverno que ocorreriam os impactos mais violentos. Os objetos mais rápidos, que possuem mais energia, tendem a chegar durante a primavera do Hemisfério Norte.
Nesse período, a Terra se move em direção ao ápice solar, encontrando esses objetos “de frente”, o que eleva a velocidade relativa no impacto.
As simulações também mostram que esses impactos estariam concentrados em baixas latitudes, especialmente perto da Linha do Equador, onde a geometria das órbitas favorece esses encontros diretos. Há uma leve preferência pelo Hemisfério Norte, pois o ápice solar se posiciona acima do plano equatorial.
No fim das contas, o estudo é enfático: não estima quantos impactos poderiam ocorrer, mas indica onde, quando e em quais condições esses impactos seriam mais prováveis.
O que você pensa sobre o assunto? Quais são suas opiniões sobre a possibilidade de objetos interestelares colidirem com a Terra? Deixe seus comentários e compartilhe sua visão!

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