Relembre como o indicado ao STF Jorge Messias surgiu no noticiário nacional como “Bessias”

A nova indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada nesta quinta-feira, leva à lembrança um episódio que fez com que ele ficasse conhecido pelo apelido de “Bessias” em 2016. Naquele ano, Messias era Subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República durante o governo da então presidente Dilma Rousseff.

Messias ganhou destaque na mídia em 16 de março de 2016, quando o juiz Sergio Moro tornou pública uma interceptação telefônica da Polícia Federal que envolvia a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Desde outubro, aliados do atual presidente já cogitavam sua indicação ao STF.

Na gravação, líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) comentavam sobre o termo de posse de Lula. Messias, conhecido como “Bessias”, era encarregado de entregar o documento:

• Dilma: “Eu tô mandando o Bessias com o papel, para a gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá??”

• Lula: “Uhum, tá bom, tá bom.“

• Dilma: “Só isso. Você espera aí que ele tá indo aí.“

• Lula: “Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.“

• Dilma: “Tchau.“

• Lula: “Tchau, querida.“

Escute e relembre o áudio revelado pela Revista Época:

O diálogo ocorreu algumas horas após o anúncio de que Lula assumiria o cargo de Ministro da Casa Civil. A nomeação, que coincidia com o avanço da Operação Lava Jato e o processo de impeachment contra Dilma, foi vista por opositores como uma forma de garantir foro privilegiado a Lula, buscando transferir seus processos da Justiça Federal em Curitiba para o STF.

Um dia após a divulgação dos áudios, Lula participou da cerimônia de posse. Entretanto, em 18 de março de 2016, o ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendeu a nomeação por meio de uma decisão liminar.

Meses depois, o ministro Teori Zavascki, que era relator da Lava Jato no Supremo, considerou que a gravação e sua divulgação foram irregulares, impedindo o seu uso como prova. Em 2021, o STF anulou as condenações de Lula na Lava Jato, reconhecendo que os processos deveriam ter tramitado em Brasília.

Atualmente, oito anos após aquele episódio, Jorge Messias, que chefia a Advocacia-Geral da União (AGU) no terceiro mandato de Lula, foi indicado pelo presidente para uma vaga no STF.