O texto final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), traz um avanço importante: mais financiamento para países em desenvolvimento enfrentando os impactos do aquecimento global. No entanto, ele não aborda a necessidade de interromper o uso de combustíveis fósseis.
O documento de oito páginas, chamado “Mutirão Global”, falha em mencionar autotivamente combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. Apesar disso, ficou decidido que essa questão pode ser levantada pelo Brasil em uma proposta paralela, já que o país foi o anfitrião da conferência, que se encerrou na tarde deste sábado.
A omissão de combustíveis fósseis já era esperada, pois dias antes, o Brasil apresentou um rascunho que não incluía ações para reduzir sua utilização, que é a principal causa da elevação das temperaturas globais.
Durante seu discurso de encerramento, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, expressou que o governo brasileiro esperava mais resultados do que os que foram efetivamente aprovados. Ela fez uma reflexão sobre as expectativas em relação ao passado, citando a Conferência do Rio de 1992.
“Se pudéssemos voltar no tempo e conversar com nós mesmos na Rio-92, o que aquelas versões de nós diriam ao olharem para os resultados de hoje? Certemente diríamos que sonhávamos com muito mais resultados”, declarou Marina.
Antes da sessão de encerramento, a União Europeia manifestou descontentamento com o que foi proposto. O Comissário Europeu para o Clima, Wopke Hoestra, afirmou considerar o texto abaixo das expectativas necessárias para mitigar as mudanças climáticas.
“Isso está muito aquém da ambição que precisamos. Estamos decepcionados com o texto que está sendo discutido”, declarou Hoestra.
O Observatório do Clima, uma organização não governamental que reúne diversas entidades ambientalistas, também teceu críticas ao documento. Segundo a ONG, o resultado da conferência não pode ser aceito, destacando a falta de compromisso com a transição para longe dos combustíveis fósseis.
A ONG ressaltou que, apesar de alguns avanços, o chamado “Pacote de Belém” é desequilibrado e omite questões essenciais. O texto não reflete a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros 82 países em buscar um caminho claro para a transição energética.

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