Caminho das Árvores, Pituba, Itapuã e Barra: Bairros de “alta renda” concentram casos de racismo em Salvador

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Um levantamento do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (Ispe) revelou um aumento significativo nos casos de injúria racial na Bahia entre 2022 e 2024. Em média, as denúncias cresceram 15% ao ano, totalizando 4.304 casos. Salvador lidera o número de registros, com 1.301 vítimas, somando cerca de 30% do total.

Conforme o Ispe, o fenômeno é chamado de “racismo territorializado” e as denúncias tendem a se concentrar em bairros de alta renda. O estudo destaca que Caminho das Árvores, Pituba, Itapuã e Barra correspondem a 32,3% dos casos, com 129, 101, 101 e 96 registros, respectivamente.

O crescimento nas denúncias pode mostrar tanto uma crescente conscientização quanto a persistência de práticas discriminatórias. Bairros como Caminho das Árvores, Pituba, Brotas e Itapuã apresentam os maiores números de vítimas. O Ispe enfatiza a urgência de fortalecer políticas de educação antirracista e aprimorar o suporte às vítimas.

Outros bairros com significativas denúncias incluem Brotas (91), Rio Vermelho (66), Liberdade (54), Cabula (50), Centro (49) e Dois de Julho (47). Confira o mapa elaborado pelo estudo:

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Casos de racismo por bairro em Salvador | Imagem: Reprodução / Ispe

O Ispe também observou que as agressões ocorrem em ambientes de convivência interclassista e onde há contrastes de poder e pertencimento racial. As denúncias acontecem mais em residências, locais de trabalho e escolas, com maior frequência aos sábados e domingos, especialmente entre 9h e 11h.

Entre as vítimas, há um número considerável de estudantes (128), trabalhadores autônomos (52), aposentados (35) e professores (24). A maioria dos denunciantes são mulheres (52,73%), com a idade predominante entre 24 e 35 anos. Também foi observado que 77% das vítimas se identificam como heterossexuais, enquanto 18% são homossexuais e 4,7% são bissexuais.

No total, foram identificados 1.255 supostos agressores. Entre eles, há estudantes (31), aposentados (19) e empresários (14). A maioria dos denunciantes é heterossexual (96,14%), com a presença de um pequeno número de homossexuais (2,8%) e bissexuais (1,05%).

A metodologia do estudo baseou-se no Sistema de Procedimentos Policiais Eletrônicos da Polícia Civil da Bahia. Incluiu a análise de Boletins de Ocorrência classificados como “Racismo/Injúria Racial”, conforme a Lei 7.716/1989 e o artigo 140, §3º do Código Penal, atualizado pela Lei 14.532/2023.

Essa pesquisa chama a atenção para a necessidade de um debate mais profundo sobre o racismo em Salvador. É importante que moradores e líderes locais reflitam sobre as informações apresentadas e promovam ações para a construção de um espaço mais justo e acolhedor para todos. O que você pensa sobre esses dados? Compartilhe sua opinião!

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