Iphan aprova tombamento do Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra, em Lençóis

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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) colocou um importante marco em Lençóis, na Chapada Diamantina, ao aprovar o tombamento do Terreiro Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra. Essa decisão foi tomada durante a 111ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada na quarta-feira (26). Com esse tombamento, o terreiro se torna o mais antigo templo de Jarê ainda em funcionamento no Brasil.

Uma particularidade desse tombamento é que ele desafia uma prática comum entre os terreiros de Jarê, que costumam ser desativados após a morte de seus líderes. No caso do Palácio de Ogum e Caboclo Sete-Serra, os adeptos decidiram manter a casa ativa após o falecimento de seu fundador, Pedro Florêncio Bastos, o conhecido Pedro de Laura, atendendo ao seu pedido.

A relatora Desiree Ramos Tozi destacou que o processo respeitou a participação direta dos moradores locais, levando em consideração suas práticas e entendimentos sobre o espaço. A iniciativa para o tombamento foi feita em 13 de janeiro de 2007, através de uma carta da Associação dos Filhos de Santo do Terreiro ao Iphan de Lençóis.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, elogiou a análise técnica e social envolvida no processo. Ele enfatizou a importância desse reconhecimento, especialmente no que tange aos patrimônios de matriz africana. “Precisamos reconhecer e enfrentar os desafios da diversidade cultural que a Bahia apresenta”, afirmou Grass.

O terreiro é considerado uma expressão viva da diversidade religiosa afro-brasileira, simbolizando resistência e a riqueza das tradições negras. De acordo com Desiree, o site é um monumento cultural de relevância histórica e espiritual, que reflete a vitalidade dessa tradição.

Hermano Guanais, superintendente do Iphan na Bahia, afirmou que essa decisão é um passo significativo no reconhecimento de patrimônios afro-indígenas no estado. Ele aponta que o tombamento valoriza não só a arquitetura, mas também as práticas culturais que permeiam a região.

A partir desse tombamento, o terreiro será protegido pelo Iphan, que deverá aprovar qualquer intervenção no local, conforme determina a legislação. Essa ação visa preservar as características culturais e espirituais do espaço.

Fundado em 1949 por Pedro de Laura, o terreiro é também conhecido como “casa de Pedro de Laura” ou “casa do Capivara”, em referência ao rio que passa nas proximidades. O espaço conta com uma estrutura que inclui a casa principal, chamada pagodão, um caramanchão dedicado aos exus, além de outros ambientes que abrangem cerca de 3.782 m² de terreno. O local é cercado por vegetação nativa, árvores sagradas, e elementos que compõem o rico ambiente espiritual do Jarê, mantido pela localidade ao longo das décadas.

Agora que você conhece mais sobre essa decisão histórica, o que pensa sobre a preservação das tradições afro-brasileiras? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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