Imagina estar caminhando pela floresta em Chernobyl, onde o silêncio que acompanha a sombra das árvores é a única lembrança do desastre nuclear, e, de repente, deparar-se com cães com pelagem azulada. Foi isso que aconteceu recentemente na Ucrânia, e claro, a situação inusitada gerou muita curiosidade e especulação.
Esse mistério foi esclarecido por cientistas envolvidos no programa Dogs of Chornobyl do Clean Futures Fund. Timothy A. Mousseau, biólogo da Universidade da Carolina do Sul e conselheiro científico do projeto, esclareceu que a cor incomum provavelmente veio de resíduos de banheiros químicos onde os cães se reviraram. Exames mais aprofundados mostraram que não havia doenças, anomalias ou danos genéticos associados à radiação nos caninos.
A equipe do Dogs of Chornobyl está cuidando destes animais desde 2017, fornecendo alimentação e cuidados veterinários. Eles analisaram a estrutura genética de 302 cães da região, constatando que, apesar do isolamento, eles não mostraram um aumento nas taxas de mutações em comparação com cães de regiões menos afetadas pela radiação.
Os estudos revelaram uma ancestralidade diversa nesses cães. Perto do complexo industrial de Chernobyl, encontraram-se traços de pastores e cães de trabalho, refletindo o passado soviético onde tais raças eram comuns em funções de guarda e segurança. O projeto também encontrou 15 famílias geneticamente distintas, denotando certa diversidade genética, mesmo nessa população isolada.
Além disso, o programa vem executando campanhas de esterilização e vacinação, sugerindo que a população canina local pode estar próxima do seu limite sustentável. Desde o desastre de 1986, não houve fusões significativas de novos cães à população local.
No que tange ao impacto da radiação na fauna, a zona de Chernobyl proporciona um cenário incrivelmente complexo. Alguns estudos não encontraram reduções significativas na população de pequenos mamíferos nas áreas mais contaminadas, enquanto outros registraram efeitos sutis na flora e na fauna local. As áreas mais afetadas pela radiação demonstram impactos negativos consideráveis em diversos organismos, enquanto regiões com menores níveis de contaminação apresentam-se relativamente intocadas.
Em face da quase ausência de intervenção humana, a natureza parece ter retomado seu curso, com Chernobyl servindo agora de refúgio para uma vida selvagem abundante, incluindo lobos e cavalos de Przewalski. Quanto aos lobos, a ideia de que seriam imunes ao câncer mostrou-se sem fundamentação científica robusta, com a ausência humana e de caça sendo o provável impulsionador do crescimento dessa população.
Esta história nos mostra como a vida, persistente e resiliente, encontra um caminho mesmo nos cenários mais devastados pelo homem. Agora que conhece essa fascinante história de superação e adaptação em Chernobyl, o que pensa sobre o poder de recuperação da natureza? Compartilhe seus pensamentos e opiniões conosco.


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