A empresa italiana Leonardo lançou um novo projeto de escudo, chamado “Domo Michelangelo”, que utiliza inteligência artificial para proteger cidades e infraestruturas críticas. Este lançamento acontece em um momento em que os sistemas de defesa na Europa estão sendo reforçados, impulsionados por tensões geopolíticas e a necessidade de maior autonomia estratégica.
O “Domo Michelangelo” integra diferentes plataformas para identificar e neutralizar ameaças, que vão desde mísseis até enxames de drones. A companhia estima que este sistema estará plenamente operacional até o final da década.
Estrutura do “Domo Michelangelo”
A Leonardo apresenta o projeto como um sistema de arquitetura aberta, o que facilita a interoperabilidade com as defesas de diversos países. O conceito é comparado ao Domo de Ferro israelense e às discussões sobre um “Domo de Ouro” nos Estados Unidos, enfatizando a integração e a rápida resposta a ataques.
Roberto Cingolani, CEO da Leonardo, comentou que em um mundo onde as ameaças estão sempre em evolução, a defesa precisa inovar e considerar a cooperação internacional. Ele destacou que a proposta combina sensores, controle e interceptadores para garantir eficácia.
Essa arquitetura aberta também permitirá futuras atualizações e um maior alcance entre diferentes forças armadas.
Mercado de defesa em expansão
Os investimentos militares na Europa têm aumentado, refletindo no desempenho das empresas do setor. Desde janeiro de 2025, as ações da Leonardo subiram cerca de 77%. A BAE Systems do Reino Unido teve um aumento de 42,7%, enquanto a Rheinmetall da Alemanha cresceu 148,9% e a Thales da França, 63,8%.
Embora a construção de novos sistemas esteja em progresso, a interoperabilidade continua sendo um desafio. Guillaume Faury, CEO da Airbus, comentou que os protocolos de troca de dados no campo de batalha são limitados e que um “campo de batalha digital” europeu pode levar até uma década para se concretizar.
Investimentos e prioridades na Europa
Governos europeus anunciaram compromissos para aumentar o orçamento de defesa. Em maio, a União Europeia apresentou um programa de 150 bilhões de euros para empréstimos de longo prazo destinados à aquisição de equipamentos e à expansão da capacidade industrial. Em junho, os países da OTAN estabeleceram metas para elevar os gastos com defesa até 2035.
Esse movimento também altera as prioridades no setor. Especialistas observam uma transição do foco exclusivo em hardware para sistemas integrados de comando e controle. Loredana Muharremi, analista da Morningstar, afirmou que a guerra moderna é vencida pela rede que integra todas as plataformas em um único ciclo de decisão.
Riscos do projeto e nova concorrência
Entre os riscos do “Domo Michelangelo” estão possíveis atrasos na execução e a dependência dos ciclos de compras na Europa. Isso pode afetar a adoção do sistema pelos países. Ao mesmo tempo, o setor está vendo o crescimento de startups que trabalham com tecnologias autônomas e soluções baseadas em inteligência artificial.
A empresa alemã Helsing, focada em drones com IA, levantou 600 milhões de euros e dobrou sua avaliação para 12 bilhões de euros. A Quantum Systems, que desenvolve tecnologia autônoma para defesa, triplicou seu valor de mercado para mais de 3 bilhões de euros após captar 180 milhões de euros.
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