Opinião: Convulsão social com prisão de Bolsonaro foi mais uma promessa inócua do bolsonarismo

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A expectativa de convulsão social com a prisão de Jair Bolsonaro não se concretizou. Desde o início do processo, o círculo próximo ao ex-presidente insistia que, se ele fosse condenado, o Brasil “pararia” até sua liberação. Após meses de prisão domiciliar e mais de uma semana na Superintendência da Polícia Federal, somente o entorno de Bolsonaro mantém a narrativa de perseguição, mesmo diante da tentativa de golpe de Estado que, felizmente, não se materializou.

Essa tentativa de distorcer a realidade não é novidade. Aconteceu nas eleições de 2018 e foi reforçada durante os quatro anos em que Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto. Ele não governava para a maioria da população, mas suas falas frequentemente promoviam a ideia de que o povo apoiava suas ações. Mesmo agora, preso, há uma insinuação persistente de que uma “maioria” se opõe à sua condenação e prisão.

A condenação pelo caso da tentativa de golpe era evidentemente esperada. Só os apoiadores mais ferrenhos não percebiam que Bolsonaro e seu grupo tentaram deslegitimar instituições públicas, sempre sob o mantra das fraudes eleitorais e ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional, que, por estratégia política, foi poupado em sua totalidade. O enfraquecimento da República foi uma ação constante, que, felizmente, não se consumou.

Entretanto, é necessário refletir sobre possíveis excessos durante o processo, especialmente a concentração de poder nas mãos do ministro Alexandre de Moraes. Embora algumas pessoas possam argumentar que “os fins justificam os meios”, é provável que, com o tempo, uma avaliação mais distanciada revele que a pressa no processo pode ter exacerbado tensões. Para aqueles que acompanharam os eventos em tempo real, esse distanciamento será útil para entender todas as nuances.

A prisão de Bolsonaro não foi uma novidade no cenário nacional. Luiz Inácio Lula da Silva também passou por um processo semelhante, assim como Fernando Collor de Mello, que cumpre prisão domiciliar, mesmo com inúmeras acusações sobre sua passagem pela presidência nos anos 90. A singularidade no caso de Bolsonaro é que oficiais militares de alta patente também foram presos, refletindo uma intensificação nas ações contra figuras historicamente impunes.

Felizmente, a agitação e a convulsão social prometidas por bolsonaristas não passaram de promessas vazias. Isso se assemelha à incapacidade administrativa que vivenciamos durante o seu governo. O general Augusto Heleno, por exemplo, justifica essa inatividade alegando que sofre de Alzheimer desde 2018. Essa doença pode ter dificultado sua ação em momentos críticos.

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