Uma equipe de astrônomos da Índia fez uma descoberta impressionante: foram identificados 53 novos quasares supermassivos que possuem jatos de matéria se movendo a velocidades altíssimas e que se estendem por até 7,2 milhões de anos-luz – aproximadamente 50 vezes a largura da Via Láctea.
Essa pesquisa, publicada no mês passado no The Astrophysical Journal Supplement Series, foi realizada com dados do Levantamento Celeste do Radiotelescópio Gigante de Ondas Métricas (GMRT), localizado próximo a Pune. O estudo é fundamental para entender como esses enormes objetos evoluem e interagem com o ambiente cósmico ao redor.
Principais descobertas:
- 53 novos quasares de rádio gigantes foram identificados entre 369 quasares de rádio recém-catalogados;
- Os jatos se estendem por milhões de anos-luz e emitem fortemente em ondas de rádio;
- Levantamentos de baixa frequência, como os realizados pelo GMRT, são cruciais para detectar essas estruturas tenues;
- O ambiente cósmico, seja mais denso ou raro, altera o tamanho, a forma e a simetria dos jatos;
- Quasares mais distantes tendem a ser mais assimétricos, indicando um universo primordial mais turbulento.

Como surgem os jatos nos quasares e por que são tão extremos
Os quasares são núcleos extremamente ativos de galáxias, onde buracos negros supermassivos consomem grandes quantidades de gás e poeira, formando um disco quente ao redor deles. Nem todo o material é absorvido; parte do plasma é direcionada por campos magnéticos, criando jatos que se aproximam da velocidade da luz. Com o tempo, esses jatos formam enormes estruturas em forma de lóbulos, especialmente brilhantes em rádio.
“O tamanho desses jatos não é comparável ao do nosso Sistema Solar ou mesmo à nossa galáxia. Estamos falando de algo entre 20 e 50 diâmetros da Via Láctea lado a lado”, disse Souvik Manik, pesquisador do Midnapore City College, ao site Space.com.
Detectar essas estruturas representa um desafio, pois a “ponte” de emissão que conecta os lóbulos é muitas vezes muito tênue e se perde em meio ao ruído. “Os enormes jatos de rádio tornam esses quasares valiosos para compreender os estágios finais de sua evolução e o meio intergaláctico onde se expandem”, explica Sabyasachi Pal, líder do estudo. Relata ainda que levantamentos de rádio de baixa frequência são particularmente eficazes na identificação desses sistemas.

O levantamento cobriu cerca de 90% do céu visível da Terra, e essa ampla cobertura, junto à sensibilidade do GMRT, permitiu a detecção de emissões de rádio mais difusas, essenciais para montar o “quebra-cabeça” dos quasares de rádio gigantes. Essa combinação de grandes áreas do céu e frequências adequadas explica a quantidade significativa de objetos descobertos no novo catálogo.
Ambiente cósmico e a assimetria dos jatos
Cerca de 14% dos quasares gigantes estão localizados em regiões densas do espaço, como aglomerados de galáxias ou nas proximidades de filamentos de gás e poeira. “O ambiente desempenha um papel fundamental na evolução dos jatos de rádio”, afirma Netai Bhukta, da Universidade Sidho Kanho Birsha. Em áreas mais densas, os jatos podem ser desacelerados ou até interrompidos pelo gás circundante, enquanto em regiões mais vazias eles podem se expandir livremente.
Outra observação importante é a assimetria. Os jatos raramente têm o mesmo comprimento ou brilho. “Isso indica que eles estão enfrentando um ambiente cósmico desigual”, explica Sushanta K. Mondal, também da Universidade Sidho Kanho Birsha. Muitas vezes, um dos jatos colide com nuvens densas, enquanto o outro se expande em um meio mais rarefeito.
Os pesquisadores também notam que quasares gigantes mais distantes, observados em épocas mais antigas do universo, tendem a ser mais assimétricos. Isso sugere que o cosmos jovem era mais caótico e repleto de gás, interferindo mais nos jatos. Para a astronomia, esse comportamento oferece uma “sonda” do passado cósmico, iluminando como a matéria influenciou a evolução das primeiras galáxias ativas.
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