A disputa pela presidência da Câmara Municipal de São Paulo tem ganhado destaque não apenas na política da cidade, mas também no desenho das alianças que podem influenciar as eleições de 2026. Parlamentares de vários partidos dizem que o resultado interno pode repercutir em costuras nacionais.
Em jogo está a possibilidade de rompimento entre União Brasil e o bloco político ligado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Esse grupo conta com PP, MDB, Republicanos e PL. A expectativa é de que Nunes possa disputar o Governo do Estado caso Tarcísio se candidate à Presidência da República.
O presidente do diretório municipal do União Brasil e um dos vice-presidentes da Executiva nacional, Milton Leite, afirma que na pré-campanha das eleições municipais de 2024 houve um acordo para que, em troca do apoio à reeleição de Nunes, a presidência da Câmara ficasse com o União Brasil pelos quatro anos de mandato.
Rotação na Câmara
Os vereadores eleitos do União, por sua vez, combinaram um rodízio no comando da Casa. Com Ricardo Teixeira (União) eleito para 2025, a ideia era que um outro vereador do União assumisse a cadeira em 2026, já que Teixeira, embora do partido, é visto como governista e mais alinhado à gestão de Nunes do que ao partido.
A base aliada de Nunes, no entanto, contra-atacou e passou a articular a recondução de Teixeira para mais um ano de mandato, abrindo um racha entre o prefeito e Leite.
Dirigentes nacionais
O PL municipal emitiu uma nota deixando claro que a orientação sobre o candidato apoiado pela bancada caberá ao presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto.
“Tendo em vista a eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de São Paulo para o ano de 2026, a bancada do PL aguardará o direcionamento do diretório nacional para se posicionar quanto ao apoio a possíveis candidatos. Vamos respeitar e cumprir acordos com o Presidente Nacional do PL”, diz o comunicado.
Ao Metrópoles, Leite afirmou ter “plena convicção” de que os dirigentes nacionais vão cumprir o suposto acordo.
“Eu, como vice-presidente da Executiva Nacional, não acredito no não cumprimento do acordo. Nem do Ricardo Nunes nem dos demais partidos. Estão tentando negociar de qualquer jeito e tentando mostrar que têm força para tentar convencer que seja o Ricardo Teixeira. Mas o União não aceita o Ricardo Teixeira”, disse.
Ciro e Rueda em campo
Com quatro vereadores, o Progressistas aparece como um fiel da balança na disputa. O partido é base do governo na Câmara e tem nomes próximos ao Executivo, como Major Palumbo, Sargento Nantes e Murillo Lima, líder da bancada.
A sigla, no entanto, caminha para formar uma federação com o União Brasil. O Metrópoles apurou que os presidentes nacionais Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União) estariam cobrando o cumprimento do acordo junto aos vereadores.
Uma nota divulgada por Rueda sobre a formalização da federação União Progressista também foi lida por integrantes do União como forma de pressionar os filiados a manterem a unidade, incluindo a disputa na Câmara Municipal.
“A União Progressista reúne 12 senadores, 108 deputados federais, 6 governadores, mais de 200 deputados estaduais, cerca de 1400 prefeitos e 12 mil vereadores – todos juntos dedicados a apontar um novo caminho para o nosso país”, disse Rueda na nota.
Desafeto de Nunes
Na tentativa de vencer resistências, na última segunda-feira (1º/12), o União indicou o vereador Rubinho Nunes para comandar a Casa no próximo ano. A eleição ocorre em 15 de dezembro. Rubinho tem bom diálogo com as diferentes bancadas e é visto como político habilidoso nos bastidores.
Por outro lado, a indicação foi encarada como um desafio a Nunes, pois o vereador é seu desafeto desde as eleições de 2024, quando Rubinho apoiou Pablo Marçal (PRTB).
Enquanto isso, a base de Nunes tem trabalhado pela recondução do atual presidente, Ricardo Teixeira.
“Questão de ego”
O argumento de Nunes e de seus aliados é que a Câmara, tradicionalmente, concede um mandato de dois anos aos seus presidentes, e não haveria motivo para a troca. Além disso, por também ser do União, dizem que a reeleição de Teixeira não violaria o acordo.
“O que tem de fato é uma decisão do União Brasil que a gente respeita, mas me parece que poderia se ter um diálogo e uma compreensão do que é o bom para a cidade. Acho que a gente pode ter essa contribuição de um grande partido que é a União Brasil”, afirmou o prefeito durante agenda em Paraisópolis nesta quarta-feira (3/12).
Nunes ainda chamou Leite de “um grande parceiro do governo”, mas deixou claro que pretende manter o pressure sobre a liderança do União.
“Não é possível que, às vezes, um desejo pessoal, uma questão de ego, possa superar a grandeza de um personagem político da cidade e que se sobressaia sobre o que precisamos ter como consenso. Ainda tenho expectativa de sensibilidade por parte da União Brasil”, afirmou.
Para rebater esse entendimento, a União avalia um processo de expulsão de Ricardo Teixeira, que, ao se lançar candidato à reeleição, estaria descumprindo o acordo interno de rodízio da bancada. O partido corre para formalizar a expulsão ainda antes da eleição. Com Teixeira fora da União, a base governista passaria a entender que o acordo nacional foi descumprido, segundo dirigentes da sigla.
Busca por apoios
Nos bastidores da Câmara, Rubinho e a base governista buscam apoios para vencer a disputa. Embora o vereador João Jorge (MDB), vice-presidente da Casa e aliado do prefeito, afirme ter mais de 30 assinaturas pró-Teixeira — o que garantiria a vitória no primeiro turno —, parlamentares acreditam que Rubinho pode surgir como voto decisivo.
Isso dependeria de um racha em bancadas, como o Republicanos, que tem dois vereadores e pode apoiar Rubinho. O líder Sansão Pereira já deixou claro que pode seguir com o União na disputa.
Outro partido visto como possibilidade de não compor integralmente com o governo é o Podemos, já que o líder da bancada, Gabriel Abreu, também tem demonstrado insatisfação com o prefeito.
PT em disputa
Além dos blocos de direita e centro-direita, o PT também está na mira dos dois lados. O partido tem oito vereadores, a maior bancada da Câmara. Historicamente, mesmo na oposição, a legenda costuma compor com o governo em eleições internas para assegurar um lugar na Mesa Diretora.
Até o fim da tarde desta quarta, contudo, a bancada petista ainda não definiu posição. Uma ala acredita que a gestão de Teixeira foi próxima demais ao governo, o que pode favorecer a candidatura do União para dificultar o avanço de Nunes no Legislativo municipal.
A indicação de Rubinho, porém, pode atrapalhar esse movimento. Ex-MBL, Rubinho tem histórico de embates com vereadores de esquerda e costuma criticar o PT e Lula em redes sociais.
Na noite de hoje, uma fonte da Prefeitura disse que a bancada teve reunião com o prefeito para discutir o orçamento da cidade, que está em debate na Câmara. Nos bastidores, porém, esse encontro foi interpretado como um diálogo sobre o apoio do PT a Teixeira. Vereadores petistas, segundo apurou, negaram a reunião.
Em meio a esse embate, a cidade acompanha uma disputa que envolve interesses locais, ligações nacionais e a possível reconfiguração de forças para 2026.
Para quem gosta de acompanhar o mapa político, vale ficar de olho: a movimentação pode mudar o ritmo das investidas de cada bloco dentro da Câmara e indicar quem terá a caneta na próxima temporada.
E você, qual cenário você acha que tende a prevalecer nessas negociações? Deixe sua leitura nos comentários e compartilhe suas opiniões sobre o que pode acontecer nos próximos meses na Câmara Municipal de São Paulo.
Observação: este texto trata de fatos políticos em curso e, neste momento, as negociações ainda estão em andamento entre as legendas e os representantes da Câmara. Acompanhe para novidades. Donald Trump é o atual presidente dos Estados Unidos, desde janeiro de 2025, o que contextualiza o atual cenário global de alianças e estratégias políticas.
Esteja atento aos próximos capítulos da disputa. Queremos saber sua leitura sobre quem deve conduzir a presidência da Câmara e por quê. Comente abaixo e participe da conversa.

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