Uma imagem chamou a atenção nos últimos dias: um idoso aparece em um lixão em Ipirá, na Bacia do Jacuípe. O vídeo, gravado no local e enviado ao Bahia Notícias, mostra o morador dentro de um barraco improvisado com plástico, cercado por moscas. O lixão fica às margens da BA-052 (Estrada do Feijão), no sentido Baixa Grande/Irecê.
Ipirá é a cidade mais populosa da Bacia do Jacuípe, que reúne 15 municípios. Segundo a Agersa, 281 cidades da Bahia têm lixões ativos. O IBGE, no fim do ano passado, mostrou que sete em cada dez municípios do estado ainda convivem com esse tipo de descarte.
Ao Bahia Notícias, o secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Ipirá, Juracy Oliveira Júnior, contou que há catadores que trabalham à noite no local, quando chegam os caminhões de coleta. Algumas pessoas também se instalaram ali para viver da reciclagem.

Foto: Reprodução / Agência Rossi
Para o secretário, a substituição do lixão por um aterro sanitário, conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é a solução mais adequada, mas o alto custo impede a implantação. “A solução individual é muito complicada para municípios de pequeno e médio porte. A maioria não tem condições financeiras para isso”, disse ao Bahia Notícias.
Nenhuma cidade vizinha, como Capim Grosso e Pintadas, conseguiu estruturar uma unidade dentro das normas ambientais. Para contornar as limitações, Ipirá participa do Consórcio Público da Bacia do Jacuípe, que articula uma proposta de aterros regionais.
O consórcio elaborou um pré-projeto que reúne 15 municípios, com o objetivo de captar recursos federais para a implantação das unidades. Segundo Juracy Júnior, Ipirá pode ser o município-sede devido ao volume de resíduos gerados e à área já disponível.
O terreno, onde fica o lixão, tem cerca de 20 hectares (quase 9 campos de futebol) e pertence ao município. Já abrigou um aterro simplificado construído pelo governo estadual no início dos anos 2000, mas foi desativado por falta de condições operacionais.
Embora o projeto ainda não tenha confirmação de financiamento federal, a ideia avança com a participação do consórcio e dos municípios. O Ministério Público cobra uma solução, mas nenhum gestor regional tem condições de resolver o problema sozinho.
CATADORES Questionado sobre iniciativas de organização, Juracy Júnior afirmou que houve uma tentativa de criar uma associação, mas o grupo não demonstrou interesse. Muitos poderiam faturar entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil por mês com a triagem dos materiais, o que dificulta a adesão a modelos formais de trabalho.
O Brasil fixou o fim dos lixões para 2014, mas o prazo foi adiado diversas vezes. A última previsão era para agosto do ano passado, para municípios com mais de 50 mil habitantes, como Ipirá. Atualmente, o Congresso analisa projetos que propõem adiar ainda mais esse fim, com possibilidades como 2030. O problema continua em aberto.
*Observação sobre o fechamento*: para leitura online, conecte-se com a seção de comentários abaixo e compartilhe sua percepção sobre como a gestão de resíduos impacta a vida das pessoas na região da Jacuípe. Como você avalia as propostas de aterros regionais versus soluções locais? A sua opinião ajuda a fortalecer o debate público sobre o tema.

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