Macário Ramos Júdice Neto, desembargador federal do TRF-2, foi preso nesta terça-feira na segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun. O magistrado tem trajetória de mais de três décadas na Justiça Federal.
Natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES), nascido em 21 de janeiro de 1966, Júdice Neto é formado em Direito pela UFES. Ingressou na magistratura em 1993, como juiz federal substituto, foi promovido a titular em 1996 e atuou como diretor do foro da Seção Judiciária do Espírito Santo entre 1999 e 2001. Também integrou o TRE-ES no biênio 2000–2002, ajudando a instalar as primeiras varas federais fora da capital, em Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus.
A carreira, no entanto, teve interrupções. Em 2005, o STJ abriu processo criminal para apurar suposta participação dele em fraude em sentenças, o que resultou em afastamento. Em dezembro de 2015, o plenário do TRF-2 decretou a aposentadoria compulsória, acusando-o de envolvimento no esquema da máfia dos caça-níqueis no Espírito Santo, quando atuava na 3ª Vara Federal de Vitória. O processo disciplinar foi posteriormente revogado pelo CNJ, por questões de quórum.
Após quase 18 anos afastado, Júdice Neto passou por uma trajetória de reintegração. Em novembro de 2022, o CNJ votou pela sua volta; em maio de 2023, o TRF-2 determinou seu retorno como titular da 3ª Vara Federal de Vitória. Um mês depois, em junho de 2023, foi promovido ao cargo de desembargador federal do TRF-2 pela antiguidade, ocupando vaga criada com a ampliação da corte. Na cerimônia de posse, transmitida pelo YouTube, ele afirmou: “Venho para somar e multiplicar; nunca para diminuir ou dividir”.
Em setembro de 2023 ganhou notoriedade ao expedir o mandado de prisão do então deputado estadual TH Joias, alvo central da Operação Zargun. Agora, a Polícia Federal investiga seu suposto envolvimento no repasse ilegal de informações sigilosas da mesma operação, conforme apontado nas apurações da Unha e Carne.
A PF cumpriu mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que também mira o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar, preso na primeira fase da operação. O papel específico atribuído ao desembargador no suposto esquema não foi detalhado publicamente, e o caso permanece sob sigilo parcial.
As informações são do G1.
Entre advances e controvérsias, o caso reforça o debate sobre conduta de magistrados e a vigilância de informações sigilosas no Judiciário. Compartilhe sua opinião nos comentários sobre o que esses desdobramentos significam para a confiança pública nas instituições.

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