O que parecia mais uma corrida comum terminou em desespero. Uma motorista de aplicativo ficou quatro horas sob a mira de dois criminosos armados, que entraram no Fiat Uno dela fingindo ser filhos da solicitante. O ataque ocorreu após ela aceitar uma corrida solicitada fora da plataforma oficial.
Segundo o relato, tudo começou por volta das 18h, quando uma mulher pediu a corrida via WhatsApp para levar dois supostos filhos do Itapoã até um bar em Sobradinho. A localização foi enviada pelo próprio chat, levando a motorista a seguir com a falsa autorização da solicitante.
Ao chegar ao ponto indicado, próximo a uma padaria, dois homens entraram rapidamente no banco traseiro do carro, um vestia camisa azul clara e carregava uma mochila; o outro não teve as roupas descritas. Mesmo desconfiada, a motorista prosseguiu com o trajeto, compartilhando sua localização com uma amiga, também motorista, em tempo real.
Sob coação, a motorista foi obrigada a desbloquear o aplicativo do banco, onde os criminosos realizaram transferências via Pix. Ela ouviu claramente quando disseram: “Vamos mandar para o laranja”.
Ao se aproximarem do Posto Flamingo, próximo a Sobradinho, um dos criminosos pediu que a motorista parasse para ir ao banheiro. Assim que o veículo encostou, o passageiro que ficou dentro do carro aplicou um golpe de gravata, tapou a boca da vítima e fez a ameaça: “Se você continuar gritando eu vou te matar”.
Em estado de choque, a motorista escutou que os suspeitos justificavam a violência: “Não queremos matar ninguém, só estamos fazendo o nosso corre”. Com brutalidade, amarraram as mãos da vítima com uma fita similar a uma “enforca-gatos” e a colocaram no banco do carona, exigindo orientação para retornar ao Itapoã. Durante o percurso, chegaram a ameaçar colocar um remédio na boca da motorista, sem, porém, chegar a fazê-lo.
Abandonada em vicinal— Os criminosos discutiam entre si dentro do carro. Um demonstrava nervosismo, o outro fingia calma, afirmando que era “do lado da vítima”. Eles disseram que iriam para um local conhecido como “Carioca” e que o carro seria levado para o Paraguai.
No meio do trajeto, a vítima ouviu a ordem para desbloquear o aplicativo do banco para que as transferências via Pix ocorressem. “Vamos mandar para o laranja” foi repetido pelos criminosos, que sabiam apenas de R$ 208 na conta da motorista.
A perseguição acabou quando o grupo levou a motorista para uma estrada de terra nas proximidades do Forte Marechal Rondon, onde a vítima foi amarrada e deixada sozinha, em completo estado de choque.
Resgate e prisões— A motorista conseguiu se soltar e pedir ajuda a um motoboy, que a levou ao Forte Marechal Rondon. Um soldado do Exército acionou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que conduziu a vítima à delegacia para o registro do caso. Na terça-feira (23/12), o veículo foi localizado pela PMDF, que prendeu dois homens e uma mulher na região do SAAN (Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte). Todos foram autuados em flagrante por receptação na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central).
A investigação aponta a receptação como o compatible motivo da prisão dos suspeitos. O trio foi encaminhado para a autoridade competente, com o veículo apreendido e a vítima recebendo apoio institucional.
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