O Natal de 2025 no Paquistão ganhou contorno oficial: o primeiro-ministro Shehbaz Sharif cortou o bolo de Natal ao lado de líderes cristãos e funcionários, numa cerimônia na residência oficial do premiê, em 25 de dezembro de 2025. Pela primeira vez desde a independência, o governo patrocina eventos natalinos em escala nacional, sinalizando uma mudança na relação entre Estado e fé.
As celebrações foram organizadas pelo governo federal e pelas administrações provinciais, ocorrendo de Islamabad a Lahore, Rawalpindi e Karachi. O Natal deixou de ficar restrito aos recintos das igrejas, recebendo apoio oficial, mensagens públicas e participação de altas autoridades, com destaque para Punjab, onde houve grandes cerimônias, distribuição de auxílios e encontros inter-religiosos com foco nos cristãos.
Para muitos, o gesto foi visto como reconhecimento de cidadania, não caridade. Em mensagem na X, Sharif explicou que o Natal é, acima de tudo, um momento nacional, elogiando Jesus e descrevendo os cristãos como parte ativa, positiva e pacífica da sociedade. O presidente Asif Ali Zardari lembrou que a Constituição garante a igualdade de direitos e a liberdade religiosa, citando Quaid-e-Azam Muhammad Ali Jinnah sobre a natureza do Paquistão como Estado onde cidadãos podem praticar sua fé sem medo.
O momento mais marcante ocorreu com a participação do chefe das Forças de defesa, o marechal de campo Syed Asim Munir, na celebração da Igreja Anglican Church em Rawalpindi. Segundo o ISPR, Munir descreveu o Natal como uma ocasião de compaixão e união, reiterando o compromisso das Forças Armadas com a dignidade e a igualdade de direitos de todos os cidadãos, incluindo minorias.
Punjab assumiu a liderança das festividades patrocinadas pelo governo. Maryam Nawaz participou da cerimônia na Catedral Anglicana de Lahore e disse que não há prioridade entre religiões — somos paquistaneses. Ela anunciou medidas imediatas para questões de cemitérios de minorias, ampliou verbas de bem-estar e elevou o Cartão de Minorias de 75.000 rúpias para 100.000, além de distribuir cartões de identificação de minorias e cheques de auxílio natalino. Diplomatas estrangeiros estiveram presentes, acompanhados por líderes religiosos, em uma celebração que incluiu recitações do Alcorão e da Bíblia, seguida por apresentação coral. Uma árvore de Natal de 12,8 metros foi instalada em Liberty Chowk, Lahore, simbolizando amor, pluralidade e inclusão.
A repercussão entre muçulmanos progressistas foi mista: muitos elogiaram o gesto como um reconhecimento da cidadania, mas alertaram que o simbolismo precisa se traduzir em reformas legais e responsabilização por violações passadas. O jornalista Raza Rumi também destacou a importância de medidas concretas, enquanto ativistas lembraram que a proteção estrutural dos direitos das minorias é essencial para preservar essa tolerância em longo prazo.
O Natal de 2025 ficou marcado como uma expressão visível de reconhecimento estatal aos cristãos paquistaneses, um passo que pode sinalizar uma mudança de tom em direção à equidade religiosa. Ainda assim, resta a pergunta: essa mobilização é duradoura ou apenas um momento isolado? E você, qual é a sua leitura sobre esse movimento do governo paquistanês? Deixe sua opinião nos comentários.

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