Suprema Corte do Chile afasta três ministros em quatro meses por questões de parcialidade e relações impróprias

Publicado:

compartilhe esse conteúdo

Três ministros da Suprema Corte do Chile foram destituídos entre outubro e dezembro de 2024. Em dois casos, o Senado afastou os magistrados por acusação constitucional; no terceiro, a medida foi tomada pelos pares no tribunal. As penas foram idênticas: perda do cargo e inabilitação por cinco anos para exercer qualquer função pública.

O padrão comum entre os processos é claro: não foi exigida prova de corrupção direta, como venda de sentenças. Bastou a presença de parcialidade associada a relações familiares ou pessoais consideradas impróprias para justificar a destituição.

O primeiro caso, em outubro de 2024, envolveu a ministra Angela Vivanco, então vice-presidente da Corte. Ela foi flagrada em um escândalo com o advogado Luis Hermosilla. A investigação, que inicialmente apurava evasão fiscal, revelou áudios em que Hermosilla comentava casos, posições de outros magistrados e nomeações. Embora Vivanco não fosse flagrada negociando decisões, o tribunal entendeu que a relação era imprópria e Hermosilla e outros advogados foram presos.

O segundo caso foi o do ministro Sergio Muñoz, afastado pelo Senado em votação apertada. Juiz de prestígio, Muñoz tinha histórico em defesa de direitos humanos e questões ambientais; a punição decorreu de relações familiares, já que sua filha atuava como advogada para empresas em grandes causas econômicas e regulatórias. Não houve prova de que Muñoz ajudasse a filha; a destituição veio por não ter esclarecido a situação nem declarado impedimento em casos relacionados. O magistrado descreveu a decisão como uma “revanche política”.

O terceiro caso, decidido por unanimidade do Senado em 22 de dezembro, foi o do ministro Diego Simpértique. Um dos processos envolvia uma disputa multimilionária entre a estatal Codelco e uma multinacional fornecedora. O voto de Simpértique foi favorável à multinacional. Em outro processo, envolvendo a construtora Fundamenta, ele não se declarou impedido apesar de manter relação com advogados da empresa. A imprensa mostrou ainda o ministro em cruzeiro com a esposa, na companhia de um advogado da multinacional. Durante o debate, parlamentares destacaram que o problema não era o teor dos votos, mas a omissão em declarar impedimento.

As informações são do O Globo.

Você concorda com as decisões da Suprema Corte chilena nesses casos? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe como você enxergou os aspectos de imparcialidade e conflito de interesses apresentados pelos ministros.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Haddad garantiu projetos do IR e reforma tributária, mas fracassou em fazer avançar lista de prioridades de 2025

Meta descrição: Governo Lula apresenta uma agenda de prioridades para 2025 com 25 medidas, incluindo a maior vitória para a população na faixa...

Detento cego e com deficiência intelectual some após soltura sem aviso

No Distrito Federal, um detento cego de um olho e com deficiência intelectual desapareceu no sábado, 27 de dezembro, após a revogação de...

Homem é baleado na perna após ser surpreendido por atirador em moto na zona rural de Teixeira de Freitas

Teixeira de Freitas, cidade da Bahia, registrou um caso de violência na tarde deste domingo (28). Na área rural do Córrego do Mutum,...