O senador Alexandre Silveira (PSD-MG) explicou, nesta sexta-feira (27/5), por que recusou os convites de Jair Bolsonaro (PL) para ser o líder do governo no Senado Federal. Depois de sondagem em janeiro, quando se preparava para substituir o também pessedista Antonio Anastasia, Silveira recebeu nova proposta neste mês. Segundo o parlamentar, o entorno de Bolsonaro propôs um “casamento sem namoro”.
“Fui convidado para casar sem namorar. Portanto, não podia ser diferente: disse um não de forma muito elegante, respeitando a instituição Presidência da República. São só quatro meses de mandato, substituindo, para mim, o maior parlamentar da história do Senado Federal, que foi Antonio Anastasia”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas e à TV Alterosa Sul de Minas.
Pouco depois de Silveira afastar a possibilidade de ser o articulador do Palácio do Planalto no Senado, o PSD mineiro fechou acordo com o PT. Assim, Luiz Inácio Lula da Silva vai apoiar Alexandre Kalil na corrida rumo ao governo. Pré-candidato à reeleição, Silveira será o nome da coalizão na disputa pelo Senado.
O parlamentar, que concilia as atividades no Congresso Nacional com a presidência do diretório do PSD mineiro, falou em “manter a coerência” e sinalizou apoio a Lula.
“Meu partido optou por estar em uma aliança que é natural, porque o atual governador (Romeu Zema, do Novo) tem aliança, desde o processo eleitoral – e na gestão do estado – com o presidente da República”, explicou. “Estarei, com muita satisfação, defendendo o projeto do PSD de Minas, que é Alexandre Kalil apresentando suas propostas no estado, aliado ao ex-presidente Lula”, emendou.
Silveira é aliado de primeira hora do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Antes de assumir a vaga de Anastasia, empossado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), o parlamentar atuou na diretoria jurídica do Senado. Exerceu, ainda, mandato de deputado federal e de secretário de Estado.
“Todos os projetos que o governo envia e são bons para o país, defendo. Os projetos que entendo que estão segregando ou dividindo ideologicamente o país, serei peremptoriamente contra”, assinalou.
Neste momento, um dos responsáveis por tocar as articulações de Bolsonaro junto aos senadores é Carlos Viana (PL), outro mineiro. Ele é pré-candidato ao governo estadual.
Guedes é ‘distante’ da realidade brasileira
O ministro Paulo Guedes é um dos principais pontos de dissonância entre Jair Bolsonaro e Alexandre Silveira. O senador mineiro teceu fortes críticas ao chefe da pasta de Economia e disse discordar da política defendida pelo palaciano.
“Em um país que ainda é desigual, tem de haver sensibilidade social. O ministro Paulo Guedes, muitas vezes, falha nisso”, disparou. “Ele, infelizmente, é uma pessoa muito distante da realidade nacional. O atual presidente cometeu um erro ao não colocá-lo em um avião e rodar pelos rincões do Brasil para que o sapato dele pudesse conhecer um pouco de poeira”.
Segundo Silveira, Guedes está intrinsecamente conectado ao grande capital. Ele citou as conexões do ministro a empresários instalados na Avenida Faria Lima, via de São Paulo (SP) que concentra instituições ligadas ao setor financeiro.
“�? um ministro preparado na Universidade de Chicago que, depois, se ligou muito à Faria Lima (avenida de São Paulo), sem conhecer as realidades e diferenças regionais que vivemos. Minas Gerais, síntese do Brasil, tem o Jequitinhonha, o Mucuri, o Norte e o Leste com diferenças muito grandes”.
PSD deve ficar neutro na eleição presidencial
Em que pese a decisão do PSD mineiro de apoiar Lula, a decisão pode não ser refletida em todos os diretórios estaduais.
“O PSD caminha, a passos largos, do ponto de vista nacional, para liberar os estados. Portanto, conduzidos pelo ex-prefeito Alexandre Kalil, que optou por essa aliança (com Lula). Ele tem o nosso apoio”, disse Silveira, que além de presidente pessedista em Minas, é o secretário nacional do partido dirigido por Gilberto Kassab.
As tratativas entre PT e PSD em Minas ficaram estagnadas por algum tempo porque os dois partidos tinham pré-candidatos ao Senado. Além da defesa de Silveira pela sigla de Kalil, os petistas desejavam lançar o deputado federal Reginaldo Lopes.
Os nós foram desatados após Reginaldo desistir de tentar ser senador e confirmar a busca por novo mandato de deputado. O PT, então, herdou a vaga de vice-candidato de Kalil, originalmente ocupada por Agostinho Patrus (PSD), presidente da Assembleia Legislativa.
Agostinho será substituído pelo deputado estadual André Quintão, indicado pelo PT para formar dobradinha com Kalil. A opção foi festejada por Alexandre Silveira.
“�? um parlamentar experiente, leve, com espírito de buscar a boa política, da convergência. Foi uma boa escolha do presidente Lula”.
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