MP-BA apura denúncia contra clipe evangélico que associa orixás com violência

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O Ministério Público estadual (MP-BA) apura uma denúncia apresentada, nesta quarta-feira (13), pela Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA) contra um videoclipe produzido por um grupo evangélico que associa as figuras de orixás com a violência em Salvador. Segundo a denúncia, o vídeo incentiva e propaga o ódio religioso.

O documento apresentado pela AFA cita que o vídeo despreza entidades e divindades ligadas às comunidades tradicionais de matriz africana, ligando irresponsavelmente as comunidades de terreiro e divindades do candomblé e umbanda à violência que acontece em áreas periféricas dos centros urbanos.

Em um trecho da música “Pra Trás da Cruz”, de autoria do Pastor Irmão Júlio, os nomes dos orixás Iemanjá, Oxumaré e Exu, além de outros signos referentes às culturas de matriz africana, são citados em forma de crítica e declarando que “a Bahia é de Jesus”.

As imagens mostram uma simulação de um confronto armado entre traficantes em uma comunidade da capital baiana e uma operação da polícia em paralelo. A música, que acompanha o vídeo, ainda cita nomes de diversos bairros periféricos de Salvador.

Para Leonel Monteiro, presidente da AFA, o clipe passa a mensagem de que religiões de matriz africana são responsáveis pela violência generalizada e mortandade nas periferias provocadas pelo tráfico e atos ilícitos. 

Após a repercussão do clipe, o Irmão Júlio publicou um vídeo se desculpando pelo ocorrido. “Eu vim aqui para pedir perdão ao pessoal de matriz africana”, começa dizendo. “Minha intenção não foi essa, de ofender alguém, até porque também eu sou falho e pecador, como todo ser humano”, declarou, acrescentando que tirou o vídeo do ar.

“Confesso que fui infeliz em um pedacinho do clipe. O clipe tem oito minutos, mas tem um pedaço dele que eu fui infeliz. Estou aqui para pedir perdão em nome do senhor Jesus. A minha intenção foi só pregar a palavra”, concluiu o pastor.

 Procurado, o MP-BA confirmou a instauração do processo e afirmou que já foram tomadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis para preservação dos dados referentes à postagem e retirada do vídeo do ar. As medidas, no entanto, são sigilosas.

Leia a denúncia apresentada pela Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia:

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