Abaixo do frontispício, pouco acima das muralhas que um dia protegeram Salvador de invasões, cinco construções têm destaque na Ladeira da Misericórdia.
O conjunto, apesar de estar hoje escondido, desnivelou uma outra forma de pensar o Centro Histórico, quando, na década de 1980, a arquiteta Lina Bo Bardi deu forma para o projeto de requalificação do local.
Da cabeça pensante da arquiteta saíram o Bar dos Três Arcos, as Casas Um, Três e Sete e o Coaty. Este último, idealizado para ser um restaurante, jamais foi permanentemente ocupado.
O projeto audacioso de Lina, a mesma que foi responsável pelo projeto do Museu de Arte de São Paulo (MASP), pelo Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) e pela Casa do Benim, contou ainda com a participação de Ferraz e Suzuki e de João Filgueiras Lima (Lelé).
Agora, mais de três décadas depois, a administração municipal pretende dar uma nova destinação para a área, com a revitalização das construções e a adequação da via para que possa propiciar aos visitantes uma maior acessibilidade.
Segundo o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, há, no âmbito da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), um projeto de recuperação das construções e de todo o entorno.
Uma reunião para definir o futuro do conjunto estava marcada para esta segunda-feira (18), mas teve que ser desmarcada por questões internas da equipe que está à frente da iniciativa.
“Isso está caminhando. O projeto já está pronto, vai ser feito [apenas] uma pequena mudança”, revelou Guerreiro ao Bahia Notícias.
De acordo com o gestor cultural, apesar dos órgãos municipais terem ideias para o espaço, a finalidade a ser dada para o conjunto ainda não foi definida.
“Num primeiro momento a gente tem que requalificar tudo para que na sequência a gente resolva o que vai fazer. A ideia é colocar aquilo ali em condições de ser ocupado. A patir daí a gente entra no processo de discussão, se vai abrir uma licitação ou o que a gente vai fazer”, destacou.
O intuito, entretanto, seria o de focalizar na relação do marco erguido na Ladeira da Misericórdia com o campo da arte, tendo em vista o legado da arquiteta ítalo-brasileira como guia.
“Acima de tudo, vai ser uma área de homenagem a Lina Bo Bardi. Vai ser um grande centro de referência de Lina, já que é um ponto visitado por arquitetos do mundo inteiro”, explicou, dando conta de que o formato de ocupações cultruais deve ser bastante trabalhado ali.
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