Por mais que alguns já usem o termo ???pós-pandemia??? para determinar que a alta de mortes pela COVID-19 já tenha acabado, muitos países continuam mantendo o uso de máscaras e as regras de distanciamento, sem nem planejar quando retirar a obrigatoriedade do equipamento de proteção. Já outros, abandonaram a obrigatoriedade do item de segurança e apenas o ???recomendam???, o chamado uso facultativo.
Por mais que a vacinação contra a COVID-19 tenha avançado consideravelmente em muitos países, o relaxamento das normas de segurança acarretou uma alta no registro de casos. No Brasil, o crescimento do número de casos teve ajuda também da chegada do inverno, o que aumenta a incidência de doenças respiratórias.
O uso de máscara ainda é obrigatório nacionalmente, conforme a Lei nº 14.019, de 2 de julho de 2020. Porém, Estados e municípios têm liberdade para decidir sobre quais serão suas orientações de combate à pandemia. Nos Estados em que a proteção foi flexibilizada, os prefeitos têm a opção de manter a obrigatoriedade.
Brasil
Desde março, 15 estados brasileiros e Brasília já tinham flexibilizado o uso de máscaras. Em Belo Horizonte (MG) , o uso de máscaras chegou a ser totalmente dispensado em locais fechados e abertos, porém, devido a alta de casos principalmente em escolas, a máscara em locais fechados voltou a ser obrigatória até o dia 15 de agosto, de acordo com o decreto da Prefeitura de Belo Horizonte.
Confira os outros estados:
- Obrigatório – Rondônia, Amapá, Pará, Tocantins,Bahia, Piauí, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Paraíba e Piauí.
- Obrigatório em locais fechados – Acre, Amazonas, São Paulo e Rio Grande do Sul
- Totalmente liberado – Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Alagoas e Santa Catarina
- Obrigatório em locais fechados de acordo com os indicadores da pandemia estabelecidos pela Secretaria de Estado de Saúde – Minas Gerais, Goiânia, Distrito Federal – Brasília, Espírito Santo e Maranhão.
Com a onda de flexibilização no Brasil, a Fiocruz divulgou um boletim afirmando que o relaxamento das medidas protetivas contra a COVID-19 é imaturo, mesmo que os casos e mortes estejam em queda e que a vacinação esteja avançando. Isso se deve ao fato da chegada de novas cepas do coronavírus, principalmente. ???Flexibilizar medidas como o distanciamento físico ou o abandono do uso de máscaras de forma irrestrita colabora para um possível aumento de casos, internações e óbitos, e não nos protege de uma nova onda.???
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Uma medida muito comum entre os estados brasileiros e seus municípios devido a autonomia de decisões, tem sido o retorno do uso de máscaras em muitas cidades, mesmo sem que a capital esteja incluída, devido a casos pontuais. Um exemplo é a cidade de Rio das Pedras, perto de Campinas.
A cidade retornou com a obrigatoriedade do equipamento de segurança em escolas da rede pública e privada, após uma alta de casos devido ao fato de que, durante as férias, muitas crianças tiveram contato com pessoas de outras cidades, aumentando as chances de contágio.
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Casos de retorno do uso de máscaras em municípios específicos, mesmo que o estado tenha liberado totalmente, também foram registrados na Bahia, Amazonas, Acre e Distrito Federal.
Uso de máscaras pelo mundo
Itália
Desde o dia 1º de maio a Itália retirou a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados, além de não ser mais necessário apresentar o ???passe de saúde???, um tipo de cartão de vacina.
Máscaras seguem obrigatórias apenas em hospitais, transportes públicos e cinemas. Até o fim de abril, todos os turistas que chegassem ao destino deveriam preencher um formulário de localização, mas esse procedimento também não é mais obrigatório.
Espanha
Desde o dia 26 de junho de 2022, o uso de máscaras em locais fechados não é mais obrigatório na Espanha. De acordo com as autoridades de saúde do país, houve uma melhora significativa na situação sanitária e no enfrentamento a COVID-19.
A Espanha registrou mais de 80 mil mortes e 3,7 milhões de casos de COVID-19 até então segundo dados oficiais.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o uso de máscaras não é obrigatório em locais fechados nem em transportes públicos como ônibus, aviões e trens. Porém, a situação em alguns estados permanece crítica, com casos e números de mortes em crescimento expressivo.
Um desses locais é o condado de Los Angeles, na Califórnia, que deve retornar com a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados após a chegada da sub variante BA.5 Omicron hiper infecciosa, que está aumentando o número de casos e enviando um número crescente de pessoas ao hospital.
Esse possível retorno do uso de máscaras já causa discussões e divide opiniões. Quem propôs o retorno do equipamento de segurança argumenta que a medida é uma maneira eficaz e de baixo impacto de ajudar a impedir a crescente transmissão de coronavírus. O condado de LA ??? o mais populoso do país ??? é como nenhum outro condado da Califórnia. Com sua maior taxa de pobreza e habitações superlotadas, foi mais atingida do que a maioria das partes do estado.
Entretanto, quem é contra o retorno da medida argumenta que por mais que os casos estejam aumentando, o avanço da vacinação contra a COVID-19 possibilitou que os hospitais não ficassem lotados nem sobrecarregados.
Para a maioria dos estados, o uso de máscaras permanece obrigatório apenas em hospitais, unidades de saúde e transportes públicos.
Austrália
Durante a maior parte da pandemia, a Austrália foi considerada um dos melhores lugares em posição de enfrentamento da COVID-19. Durante os primeiros dois anos de pandemia, a estratégia de enfrentamento foi uma das mais eficazes do mundo.
Porém, desde o final de 2021, a Austrália vem apresentando aumento significativo dos casos de COVID-19. A média de casos diários chega a 47 mil, mas o número de pessoas internadas ainda é baixo.
Para a Austrália, o uso de máscaras é obrigatório apenas no transporte público e instalações de saúde.
China
Na China, o enfrentamento é muito rígido devido à política de zero COVID. Desde abril de 2022, as máscaras são obrigatórias ao sair de casa, os centros de testes e quarentena obrigatórios foram reabertos e muitas escolas e negócios não essenciais foram temporariamente fechados novamente.
Isso tudo aconteceu porque a variante Omicron causou um ressurgimento nos casos de COVID-19 e nas restrições adicionais que os acompanham no início de 2022.
Japão
O Japão não tem uma lei estadual que obrigue as máscaras. Porém, as recomendações para o uso em locais abertos e a obrigatoriedade para locais fechados permanece na maioria dos estados.
Na maioria dos casos, a recomendação das máscaras foi devidamente seguida, já que a vacinação começou um pouco tardia no Japão. Como muitos locais podem determinar seus próprios mandatos sobre máscaras, alguns surtos ocorreram. O aumento da Omicron no final de 2021/início de 2022 convenceu várias prefeituras a instituir restrições a alguns negócios, especialmente bares e restaurantes.
Alemanha
Durante o maior tempo da pandemia, a Alemanha manteve o vírus com um crescimento bem controlado. Isso se deve ao fato das determinações sobre o uso de máscaras serem sempre revisadas e reforçadas constantemente. Por exemplo, as máscaras de pano não foram mais consideradas aceitáveis %u200B%u200Be as pessoas foram obrigadas a usar máscaras de grau médico. Locais internos e transporte público exigiam máscara, e as pessoas podiam ser multadas por não seguir as regras.
Embora as máscaras não fossem necessárias ao ar livre, onde o distanciamento social é possível, a partir de abril de 2022, muitas dessas restrições foram suspensas, com máscaras exigidas apenas nas lojas e no transporte público.
França
Quase toda a população francesa está vacinada, cerca de 92% de acordo com as autoridades de saúde. Por isso, a maioria das medidas de segurança estavam suspensas desde março de 2022.
As máscaras ainda são obrigatórias em transporte público e em unidades de saúde, mas não em restaurantes, estádios, cinemas e outros locais públicos.
México
No México, o uso de máscaras ainda é obrigatório em locais fechados, e o distanciamento e ventilação de estabelecimentos que recebem muitas pessoas continua sendo recomendado. Devido aos indicadores da quinta onda de casos de COVID-19 estarem se estabilizando, as autoridades de saúde mexicanas voltaram inclusive a liberar algumas atividades presenciais, como aulas em universidades e escolas.
De acordo com especialistas mexicanos, essa última onda de contaminação se distinguiu das outras porque teve um impacto muito menor, devido a população maior de 18 anos ter 90% de vacinados completos, e entre 12 e 17 anos, ser de 60% de vacinados.
Peru
Com a chegada da quarta onda de COVID-19, o Peru resolveu retornar com a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados. Vale ressaltar que o Peru é o país com maior taxa de mortalidade pela doença no mundo.
A máscara havia sido dispensada em 1º de maio, quando havia menos de 5 mil infecções por semana, mas elas subiram para 20, 6 mil em julho, segundo dados oficiais.
*Estagiária com supervisão do subeditor Diogo Finelli.
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