‘Acorda, sociedade, nossos filhos estão indo embora’, diz pai de ciclista morto no Dique

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Pai do ciclista morto durante um assalto no Dique Eliecer Castro esteve nesta terça-feira (2) no velório da adolescente Cristal Pacheco, 15 anos, que foi morta durante um roubo no Campo Grande. Ele lamentou o crime e voltou a pedir mais esforço da segurança pública para evitar casos como o do filho, Rodrigo, e o de Cristal. 

Temos que lutar por isso, não pode continuar assim não, meu irmão. Fica por isso mesmo. Esses políticos fazendo banana, não fazem nada para mudar isso. Só fica vendo nossos filhos morrerem, eu tive que enterrar.. Tiro no peito por causa de um celular. Até quando a sociedade vai ficar parada aceitando isso? A gente não vai mudar isso, não, vai ficar aceitando todo dia perder nossos filhos queridos? Até quando, gente? Acorda, sociedade, nossos filhos estão indo embora“, disse ele, muito emocionado.

Eliecer lembrou o caso da morte de Rodrigo. “Meu filho foi a mesma coisa (…), o vagabundo foi preso com dois revólveres, dois celulares, saiu pela porta da frente. Depois pegou uma pedagoga, levou a bicicleta dela, depois de 15 dias matou meu filho. A mesma coisa. Até quando vai acontecer isso? Não to aguentando mais isso não”, afirmou.

Já na capela lotada do Campo Santo, Eliecer ficou ao lado do caixão e fez um discurso muito aplaudido pelos presentes – a igreja estava lotada. “Chega, chega”, repetiu. 

Amigos e familiares compareceram para se despedir da jovem, morta na manhã de hoje quando estava a caminho da escola, no Campo Grande.

“Oito anos atrás, ela foi porta aliança do meu casamento”, lembrou Nilton Cesar Santos de Jesus, 47 anos, primo da mãe de Cristal, que também estava no enterro. “?? pedir força a Deus, que Deus conforte a nossa família. Arma tem que ficar na mão de policiais, não na mão de bandido. E a gente está vendo nossos governantes querendo armar a população. Vamos desarmar, e não armar. Vamos arrumar para os jovens esporte, trabalho, educação melhor”, afirmou Nilton. “Espero que a justiça seja feita e Deus tá lá em cima olhando tudo. ?? difícil, muito difícil”, disse.

Ele relembrou a adolescente. “Uma pessoa alegre, divertida, que só queria o bem. Gostava muito de estudar. Uma filha que queria dar orgulho pros pais. A lembrança que vai ficar de Cristal”. 

Amiga de Cristal, a estudante Mariana Guedes, 14 anos, pediu orações pela jovem e relembrou a relação de confiança que elas tinham. “A gente estudou junta por 4, 5 anos. Ano passado ela saiu da escola, mas a gente não perdeu contato em momento algum. A gente continuou saindo, se vendo. Não vou mentir que tenho ótimas lembranças dela, era uma menina incrível, de verdade. Um amor de menina, muito talentosa, atenciosa com todo mundo. Teve vários momentos que eu precisei dela e ela realmente esteve comigo, perto de mim, me acolhendo. ?? difícil, muito difícil ver que por conta de um erro falho da nossa segurança, do nosso Estado, a gente perdeu uma menina que… Não foi só tio Sérgio e tia Sandra que perderam ela, foram todos nossos amigos, familiares. Muita gente que sabia o valor que Cristal tinha. A gente pede orações. Rezem, porque Cristal merece. Ela era um doce de criança, um anjo”, disse a adolescente. 

Entenda o caso
A adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, 15 anos, que seguia para a escola, foi morta durante uma tentativa de assalto, a pouco metros da sede do Comando Geral da Polícia Militar.

Moradora do Corredor da Vitória e estudante do Colégio das Mercês, a adolescente estava acompanhada da mãe e da irmã quando foi abordada. Segundo informações iniciais, no meio da ação, uma das suspeitas, que carregava uma pistola calibre 653, colocou a arma no peito da vítima e disparou contra ela antes de fugir.

O crime aconteceu em frente ao Palácio da Aclamação, próximo ao Campo Grande. Cristal não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo de ser atendida, ainda com o uniforme da escola. A mãe e a irmã de Cristal não sofreram ferimentos e estão em casa.

Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada por volta das 7h através do Cicom. Equipes do 18º BPM, unidade responsável pelo policiamento da região, foram até o local e já encontraram a estudante baleada.

Os policiais acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou a morte da vítima. A área foi isolada até a chegada do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e da Polícia Civil, que investigará o crime.

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