A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a demolição da casa do artista plástico polonês Frans Krajcberg, na quarta-feira, 10 de agosto, na cidade de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia. A ação foi repudiada pelo Governo do Estado, que classificou a destruição como criminosa.
O caso é investigado pela Delegacia de Nova Viçosa, acompanhado pela Coordenadoria da Polícia Civil, em Teixeira de Freitas, também no extremo sul do estado. Cerca de dez pessoas foram ouvidas e outros depoimentos serão colhidos nos próximos dias.
A polícia também vai analisar documentos para saber se houve dano ao patrimônio público. Não há prazo para a conclusão do inquérito.
A casa que pertencia ao artista plástico polonês ficava na região histórica de Nova Viçosa e tinha mais de 200 anos.
O artista frequentou a casa até alguns meses antes de morrer em 2017. O espaço servia como escritório administrativo e apoio para Frans Krajcberg. A partir dele, o artista seguia em direção ao mangue em busca de matéria-prima para as obras. Após a demolição é possível ver a água do rio que passava ao fundo da casa.
Um vídeo gravado na quarta-feira mostra o momento em que a frente do imóvel é demolida por uma máquina por determinação da prefeitura. Um crime, segundo o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) já que antes de morrer o artista doou todos bens e obras para o Governo do Estado.
??Nós informamos para eles que esses materiais pertenciam ao Estado da Bahia, por ter sido um dos bens que Frans tinha doado. Quando foi na quarta-feira, pela manhã, a gente foi surpreendido com algumas imagens, fotos da casa toda demolida?, disse o diretor do sítio natural e representante do IPAC, Orley Silva.
A prefeita de Nova Viçosa, Luciana Machado, disse que o imóvel não pertence ao estado.
??Uma casa totalmente abandonada há anos, não possui nenhum registro. Verificamos no cartório, simplesmente a matrícula está sob domínio geral do Município?, afirmou a gestora.
De acordo com a gestora, a casa foi demolida para a construção de um píer. Segundo o IPAC, documentos provam que imóvel que fica na Praça Oscar Cardoso também está incluído na doação do artista, pois é citado no inventário (página 31 no item 6) e ainda o nome de Frans Krajcberg aparece no título de regularização fundiária do imóvel.
O diretor do sítio Natura, que também pertencia ao artista e representante do IPAC, explicou que o imóvel estava fechado por questão judicial.
??Com a morte de Krajcberg, o Estado passa a entrar em um processo litigioso na Justiça, por isso impossibilitou o IPAC de atuar e fazer o trabalho que ele tinha?, afirmou Orley Silva.
As procuradorias do Município e Estado assinaram um acordo que diz que a prefeitura não deve fazer nenhuma alteração no local e tem que retirar todo entulho. Não é permitido qualquer modificação na área até 15 de agosto sem prejudicar a apuração dos fatos. O acordo perde valor se houver alguma decisão judicial favorável ao Município.
Por G1
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