Moradores de Ouro Preto questionam conta de água da Saneouro

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Nivia Machado – Especial para o EM
 

Em uma assembleia realizada na Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP), nessa segunda-feira (10/10), foi decidido pelos cerca de 500 moradores presentes que não vão pagar as contas de água da Saneouro.
 
A entidade também enviou uma nota à prefeitura pedindo providências do Executivo em relação às cobranças.
 
Na nota, a FAMOP diz que até o presente momento, a única atitude concreta do Executivo Municipal foi nomear membros para um Grupo de Trabalho que analisou a viabilidade da remunicipalização do serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto. Este mesmo Grupo de Trabalho já apresentou relatório apontando soluções jurídicas e administrativas possíveis, tendo sido ignorado pelo Executivo.
 
Leia: Ouro Preto: cobrança das contas de água gera polêmica
 
A nota ainda diz que em razão do início da cobrança e, por adotar as tarifas mais caras do país, com valores três vezes maiores que a média de cobrança em todas as cidades, ???exigimos em nome do povo de Ouro Preto uma atitude urgente e eficaz como a suspensão por meio de um decreto da cobrança das contas emitidas pela Saneouro para o mês de outubro???.

Moradores amargam contas altas

Um desses moradores é o estudante de engenharia mecânica, Daniel Mapa, que divide com mais 10 estudantes as despesas em uma república estudantil. Ele conta que antes da cobrança real das contas, a empresa Saneouro enviou simuladores de cobrança e consumo que não ultrapassavam R$1.800 reais. ???Na sexta-feira passada chegou a primeira conta real com um valor de R$5.298,00, levamos um susto???.
 
O estudante conta que com a divisão do valor, cada morador da república terá que desembolsar mais de R$ 470 reais e teme que haverá muita desistência de estudantes da UFOP em prosseguir com os estudos devido ao aumento do custo de vida na cidade histórica. Como medida, o estudante afirma que um grupo vai entrar com uma ação coletiva contra a Saneouro.
 
???Um valor impraticável para um estudante, que tem outros custos elevados para sua estadia em uma cidade universitária. A recomendação por hora foi não pagar a conta, a tarifa cobrada por metro cúbico de água em Ouro Preto é quase o triplo do que é praticada em São Paulo, ficando totalmente fora da média nacional??? afirma.
 
Na casa do pintor Wellington Atanásio, de 59 anos, a conta de água no valor de R$ 831 reais vence nesta quinta-feira (13/10) e a família com sete moradores, incluindo duas crianças, não sabe como vai arcar com a despesa.
 
???Estou na mesma situação que quase todos os moradores que receberam contas altíssimas, não temos condições de pagar, a vizinhança da minha rua está preocupada. Sou a favor de cobrança, mas que seja um valor justo, participei da assembleia e decidimos não pagar até essa empresa tirar esse valor absurdo???.
 
Na casa da assistente social, Suely Duarte, a conta de água veio no valor de R$ 1.133 reais. A moradora divide o imóvel com a família que com ela somam três pessoas e decidiu pagar o valor cobrado pela empresa. Ela afirma que abriu uma reclamação junto ao Procon de Ouro Preto e que tem apoiado o movimento da FAMOP. ???Paguei mesmo achando um absurdo o valor cobrado pela empresa???.

Câmara Municipal e prefeitura

A Câmara Municipal de Ouro Preto decidiu trancar todas as pautas enviadas pela prefeitura de Ouro Preto até que haja o comparecimento do prefeito, Angelo Oswaldo, ou de agente público designado por ele, para prestar esclarecimentos sobre a retirada da Saneouro.
 
Em nota, a prefeitura de Ouro Preto afirma que desde o primeiro dia de mandato, a atual administração municipal adota todas as providências possíveis e cabíveis para revisar a concessão de água e esgoto não onerosa feita pela gestão anterior.
 
A Prefeitura informou também que o Procon está à disposição da população para questionamentos sobre valores das contas de água e que o efetivo de fiscalização foi ampliado para melhor atender à população.
 
A prefeitura diz que o Executivo está empenhado na obtenção de recursos que permitam a possível reconstrução do Sistema Municipal de Abastecimento de Água e Esgoto, ???desmantelado pelos governos passados e buscando inclusive os recursos de que Ouro Preto tem direito por ser um município atingido pelo desastre da Samarco, em Mariana???.
 
Ainda segundo a nota, a prefeitura diz que está recorrendo em relação ao arquivamento, pelo Ministério Público de Minas Gerais, do inquérito aberto em decorrência da CPI da Câmara Municipal de Ouro Preto. O pedido da Prefeitura de Ouro Preto será direcionado ao Conselho do Ministério Público, em Belo Horizonte.
 
Procurada sobre os valores cobrados, a empresa Saneouro não respondeu às perguntas até o fechamento desta reportagem.

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