De cão herói ao jogo mais violento: veja cinco histórias curiosas da Copa

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A Copa do Mundo de 2022 está cada vez mais perto. O pontapé inicial para o maior torneio de futebol do planeta será dado no dia 20 de novembro, com a final marcada para o dia 18 de dezembro. ??, inclusive, a primeira vez que a competição será disputada no fim do ano. A mudança aconteceu por causa das altas temperaturas do Catar, o país-sede.

Essa não é a única curiosidade envolvendo uma Copa. Aliás, não é incomum ver histórias inusitadas no Mundial. Prestes a ir para sua 22ª edição, o torneio teve até cachorro herói e briga pela ‘nacionalidade’ da bola da final. O CORREIO entrou no clima e reuniu cinco curiosidades, confira:

Pickles, o cão que salvou a Copa de 1966

Quase todas as grandes histórias da Copa do Mundo acontecem em campo. Viradas incríveis, golaços marcantes, zebras inacreditáveis e, claro, títulos inesquecíveis. Mas um dos momentos mais impressionantes envolveu um enorme mistério e um herói improvável: um cachorro.

Tudo aconteceu em 1966, quando a Copa finalmente seria disputada na Inglaterra, país que deu origem ao futebol moderno. Naquela época, a taça da competição ainda era a Jules Rimet, a primeira confeccionada para o grande campeão. O troféu chegou ao país em janeiro e, em março, foi exposto para o público na Igreja Metodista Westminster Central Hall, em Londres. Só que, no dia 20 do mês, foi roubado.

Ladrões aproveitaram uma distração dos seguranças e levaram a Jules Rimet, que era feita com ouro e avaliada em torno de 3 mil libras, na cotação da época. O caso se tornou um escândalo, e a Scotland Yard ficou com a responsabilidade de encontrar a taça. Dias depois, o caso foi repassado para uma divisão especializada em roubos, nomeada como Flying Squad. 

Quem achou o troféu, porém, foi um cachorro chamado Pickles. O cão, da raça Collie, passeava com seu tutor, David Corbett, em um subúrbio localizado no sul de Londres, quando farejou um arbusto. Nele, havia um embrulho enrolado em folhas de jornal. David rasgou um pedaço do pacote, para ver o que poderia ser, e notou algo escrito: Brasil, Alemanha e Uruguai – as seleções que já haviam erguido a taça em Copas anteriores.

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Pickles virou celebridade após achar a taça roubada
(Foto: Fifa/Reprodução)

O homem então foi a uma delegacia devolver o item e, após alguns interrogatórios, foi liberado. Logo que a notícia se tornou pública, Pickles se tornou uma celebridade nacional, e recebeu uma recompensa de ração grátis por um ano. Também foi homenageado diversas vezes, participou de programas de televisão e até de filmes. Ainda recebeu uma medalha de prata da Liga Nacional de Defesa Canina.

Infelizmente, essa não foi a única vez que a Jules Rimet foi roubada. A taça foi dada ao Brasil, por ter sido o primeiro tricampeão (1958, 1962, 1970) da Copa do Mundo. No dia 19 de dezembro de 1983, porém, foi levada da sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro, e nunca mais encontrada.

A invenção dos cartões

Você já parou para pensar como os cartões amarelo e vermelho foram inventados? Hoje tão comuns no futebol mundial, eles não existiam até a Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra. Até então, os árbitros dependiam apenas do apito, ou mesmo de gritos e gestos, para indicar faltas ou expulsões.

Eis que uma confusão em um jogo das quartas de final daquele Mundial mudou tudo. A partida em questão foi disputada entre Argentina e Inglaterra no estádio de Wembley, no dia 23 de julho de 1966, e foi conturbada do início ao fim. Mas o estopim para o caos generalizado foi a expulsão do capitão argentino Antonio Rattin.

O jogador havia contestado a marcação de uma falta dirigindo-se ao juiz, Rudolf Kreitlein. O árbitro, que era alemão e não falava espanhol, acabou interpretando a manifestação de forma ofensiva, e ordenou a expulsão de Rattin, usando o dedo indicador.

Partida entre Inglaterra e Argentina, na Copa de 1966, inspirou criação dos cartões
(Foto: Fifa/Divulgação)

A atitude gerou muita reclamação no gramado, e Kreitlein precisou de ajuda do responsável pelos juízes no torneio, o inglês Ken Aston, para convencer Rattin a deixar o campo. 

Depois da partida, mais confusão. Alguns jornais anunciaram que o árbitro tinha marcado falta de dois jogadores ingleses, os irmãos Bobby Charlton e Jack Charlton, mas essas decisões não haviam ficado claras durante o jogo.

Todo o episódio fez Ken Aston pensar como minimizar os problemas de comunicação em campo. A ideia veio quando ele estava dirigindo. “Eu pensei: ‘amarelo’, pega leve; ‘vermelho’, pare, você está fora”, contou Aston à Fifa. 

As cores como sinalização não dependeriam do idioma e, assim, funcionariam para todos os países. Desta forma, os cartões amarelo e vermelho foram introduzidos pela primeira vez na Copa do México de 1970. A experiência foi considerada muito bem sucedida pela Fifa e adotada permanentemente.

A partida mais violenta das Copas

Quase 40 anos depois do jogo que inspirou a criação dos cartões, viria um confronto que quebraria o recorde de punições aplicadas. Portugal e Holanda estavam na briga por uma vaga nas quartas de final da Copa de 2006, e se enfrentariam no dia 25 de junho, na cidade de Nuremberg, na Alemanha, pelas oitavas. Mas o que se viu foi uma pancadaria em campo.

No total, foram aplicados 16 cartões pelo árbitro russo Valentin Ivanov, sendo 12 amarelos e quatro vermelhos. O caos foi tão grande que a partida ganhou os apelidos de ‘jogo mais violento da história dos Mundiais??? e Batalha de Nuremberg.

A Holanda foi a primeira a mostrar agressividade em excesso. Aos sete minutos, Van Bommel e Boulahrouz já tinham sido advertidos com cartões amarelos, ambos por faltas sobre Cristiano Ronaldo. O segundo deixou o astro, na época com 21 anos, indignado e pedindo o vermelho.

Aos 23 minutos, Maniche balançou as redes para os lusitanos, no que seria o único gol da partida. Cristiano Ronaldo participou daquela jogada, mas não duraria muito em campo: abandonou o duelo aos 34 minutos, com muitas dores.

No fim do primeiro tempo, a partida ficou tensa, com entradas fortes dos dois lados e muitos lances polêmicos. Costinha fez duas faltas duras, mas só levou amarelo em uma delas. Se tornaria o primeiro expulso na etapa seguinte, mas por colocar a mão na bola. Aos 17 minutos do segundo tempo, foi a vez de Boulahrouz receber o vermelho, por acertar o rosto de Figo.

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Costinha foi o primeiro a ser expulso na partida
(Foto: Reprodução)

Cerca de 10 minutos depois, a situação piorou. Os portugueses reclamaram de falta de fair play da Holanda, que deixou de devolver uma bola mandada para fora para atendimento ao goleiro Ricardo. Irritado, Deco deu um carrinho, por trás, em Heitinga. Petit implicou com o holandês caído e, por sua vez, recebeu empurrão forte de um indignado Sneijder. A confusão, com muitos empurrões, teve distribuição de três amarelos.

Aos 32min, Deco segurou a bola e retardou o jogo, sendo mais um expulso. E, aos 48, Van Bronckhorst recebeu o segundo amarelo por falta dura, colaborando para o recorde negativo de maior número de cartões vermelhos. 

O gol de Maniche fez Portugal avançar. A seleção lusitana, porém, terminou na 4ª colocação – a Itália foi a campeã.

Greve de fome de Didi

A Copa do Mundo de 1954, na Suíça, entrou para a história. Foi a primeira edição televisionada e, até hoje, é o Mundial com maior média de gols: 5,38 por jogo (140 gols em 26 partidas).

Não a toa, o torneio teve craques em campo. Entre eles, Fritz Walter e Helmut Rahn, da campeã Alemanha Ocidental; Juan Schiaffino, do Uruguai; Ernst Ocwirk, da Áustria, além do gênio Puskás, da Hungria, considerado um dos melhores da história do futebol mundial. O Brasil também tinha grandes jogadores, como Djalma Santos, Julinho, Nilton Santos e Didi. E este último protagonizou uma história curiosa.

Didi era conhecido por ser um tanto ‘mandão’. Mas, fora dos campos, quem dava as cartas era a esposa dele, Guiomar – que, inclusive, estava acostumada a visitar a concentração da Seleção. Só que, durante os treinos na Suíça para o Mundial de 1954, Guiomar foi proibida de ver o marido, o que gerou um barraco.

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Didi fez greve de fome durante a Copa de 1954
(Foto: Reprodução)

O craque, então, resolveu fazer greve de fome, como protesto pela nova regra. Mas a comissão técnica não cedeu. Coube a Nilton Santos, preocupado com a saúde do amigo, intervir.

“Você está aqui para treinar e jogar, consequentemente queimar carvão. Se você não se alimentar, não vai aguentar. Te ajudo, não conto a ninguém, mas vou começar a roubar comida no restaurante e trazer para você”, disse, na época.

Assim, para garantir as refeições de Didi, Nilton Santos usava um casaco grande, abastecia os bolsos e levava comida escondida para o quarto do companheiro.

As duas bolas da primeira final

Jabulani, Brazuca, Telstar 18, Al Rihla… Cada edição de Copa do Mundo tem uma bola para chamar de sua, sempre com promessas de tecnologia, velocidade e precisão. Mas as coisas foram um pouco diferentes na final do primeiro Mundial, disputado em 1930, no Uruguai. Ali, não foi usado apenas um modelo da redonda, mas dois: Tiento e T-Model.

Os anfitriões queriam que a bola utilizada fosse a T-Model. Com 12 gomos, ela era revestida em couro, e possuía uma abertura, por onde entrava uma câmera de ar de borracha que, depois, era costurada com cadarço. Quando chovia, a redonda ainda absorvia a água, e ficava com quase o dobro do peso.

A rival da final, a Argentina, porém, queria que a bola usada na decisão fosse a Tiento, que seria um pouco menor e mais leve. As duas equipes não chegaram a um acordo e, diante do impasse, foi decidido que os dois modelos seriam usados na partida, um em cada tempo.

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As duas bolas usadas na final da Copa do Mundo de 1930
(Fotos: Oldelpaso/Wikimedia Commons)

Assim, a primeira etapa foi disputada com a Tiento. E estava até dando certo para os argentinos: os hermanos foram para o intervalo com vitória parcial de 2×1. Mas, no segundo tempo, a T-Model entrou em ação, e parece ter funcionado para os donos da casa, que fizeram mais três gols. Fim do jogo: 4×2 e título da Copa do Mundo para o Uruguai.

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